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CUT afirma que concorda com fiscalização maior; Força diz que vai discutir cortes com o governo
Centrais prevêem cortar serviços e demissões
DA REPORTAGEM LOCAL
As centrais sindicais informam
que o corte de até 80% no recebimento de verbas do FAT vai reduzir drasticamente a prestação de
serviços aos desempregados e
provocar a demissão de funcionários nas próprias instituições.
"Queremos ter acesso a esse dinheiro, mas concordamos que o
governo precisa fiscalizar o uso
dos recursos de forma mais eficiente. Do jeito que está, não está
bom", afirma João Felício, presidente da CUT. Ele diz que o governo já chamou a central para
discutir a criação de novos programas para atender o trabalhador e a utilização dos recursos do
FAT. "Nós sabemos que há dúvidas até sobre a eficácia desses cursos de qualificação profissional."
A CUT, segundo ele, acha que o
melhor para o trabalhador seria a
criação de centros públicos para a
geração de emprego, com participação conjunta de trabalhadores,
patrões e empregados. "Queremos influenciar nas decisões que
serão tomadas para a formação de
novos programas", afirma.
A central pretende discutir com
o governo a união de escolas do
sistema S (Senai, Sesi e Senac)
com as escolas técnicas estaduais
e federais. Essa seria uma forma
de reduzir custos na qualificação
do trabalhador e tornar mais fácil
a fiscalização.
A CUT vai unificar dois convênios do Plansine -um feito com
a Central de Trabalho e Renda
(CTR) e outro feito com a Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM)- para melhorar a
qualidade de atendimento, segundo Carlos Alberto Grana, secretário-geral da entidade. Os cinco postos da CTR em São Paulo
atendem por dia, informa, cerca
de 2.000 desempregados.
O presidente da Força Sindical,
Paulo Pereira da Silva, informa
que técnicos da central vão se reunir na próxima quarta-feira com
representantes do governo para
rediscutir o convênio que repassa
dinheiro do FAT para recolocação de mão-de-obra.
Paulinho até ameaçou fechar
nove postos de atendimento do
Centro de Solidariedade ao Trabalhador por causa do atraso no
repasse de verbas do governo.
Juntos, eles atendem cerca de
8.000 pessoas por dia, das quais
400 conseguem emprego, informa. "Está tudo sendo regularizado. Vamos receber parte dos R$
4,2 milhões necessários para pagar as contas de fevereiro. Falta
ainda a parcela de março."
As centrais firmaram convênio
parcial em janeiro, diz Paulinho, e
deveriam receber um terço do total previsto em seus convênios para prestar o serviço de recolocação e de habilitação do pagamento do seguro-desemprego.
"Se a decisão for cortar 33% do
valor previsto para o Plansine, teremos de demitir 250 funcionários [de um total de 750", atender
um terço a menos do que estava
previsto e fechar postos nos quais
a procura é menor." Entre os centros que podem ser fechados, cita
o de Itaquera (SP), o do Sindicato
dos Comerciários (SP) e o de
Olinda (PE).
"O fato é que hoje pagamos para
atender o desempregado e para
qualificar o trabalhador", diz Paulinho, ao se referir aos 20% que as
entidades têm de oferecer de contrapartida quando firmam convênios com o ministério.
Sobre o corte de 80% previsto
para os programas de qualificação, Paulinho diz que, "sem reformulação desse convênio, o governo pode até dar a nossa parte para
as outras centrais". Entre os pontos que devem ser alterados está a
extensão dos horários de cursos e
a mudança na forma de contratação. "Em 90 horas, não se treina
ninguém. Também queremos ser
contratados, e não conveniados."
Ele explica que, se a central for
contratada, primeiro prestará serviços e, depois, receberá pelos
gastos. Se for conveniada, receberá primeiro os recursos e depois
prestará o serviço.
Ele diz que o governo paga por
pessoa R$ 207 em cada curso de
qualificação. "Só de vale-transporte gastamos R$ 136 para cada
aluno, além dos custos com material didático, professor e lanche.
Você paga para trabalhar e é acusado de ladrão", diz.
(CR e FF)
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