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Crédito pessoal eleva o consumo de bens duráveis
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A julgar pelo volume de
crédito em circulação na
economia e pela expectativa
dos empresários, há sinais,
de fato, de que a atividade
econômica está em num ritmo "gradual" de expansão,
segundo especialistas e dados levantados pela Folha.
Informações do Banco
Central revelam que o volume de crédito (total de financiamentos) às pessoas físicas
cresceu 18,2% nos últimos 12
meses até março e 2,6% nesse mês. Em valores, os financiamentos somavam R$
94,051 bilhões em março
-R$ 2,351 bilhões a mais do
que em fevereiro.
Para o economista Luiz
Roberto Cunha, professor
da PUC-RJ, a maior parte
desse dinheiro vai especialmente para o consumo de
bens duráveis (eletrodomésticos, móveis e veículos).
O volume total de crédito
subiu 9,5% em 12 meses e
chegou a R$ 416,7 bilhões
em março. A cifra representa 14,5% do PIB (Produto Interno Bruto) -em março de
2003, era de 13,3%.
Sobre o crédito às famílias,
Armando Castelar, economista do Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada), diz que parte do crescimento pode ser sazonal.
"Esse aumento do crédito
para as famílias reflete em
parte fatores sazonais, com
as famílias se endividando
para conseguir cobrir despesas sazonais, como despesas
escolares e impostos."
De acordo com ele, o aumento de 14,5% no total de
empréstimos por meio do
cheque especial revela tal situação. Castelar destaca, porém, a expansão das linhas
para a compra de bens duráveis: "Mas os aumentos de
7% nos financiamentos para
a aquisição de veículos no
trimestre e de 19,4% em relação a março de 2003 mostram que a expansão no volume de crédito também
ajuda a impulsionar o consumo", afirmou Castelar.
Segundo dados da Sondagem Conjuntural do Ibre
(Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação
Getúlio Vargas), alguns setores estão com alto nível de
capacidade instalada, o que
indica produção em alta.
São exemplos: metalurgia
(90%), que inclui a indústria
do aço, insumo de veículos e
eletrodomésticos; mecânica
(84,9%), que agrega bens de
capital; e celulose e papel
(92,4%). Os dados, de abril,
superam as marcas do mesmo período em 2003.
Aloísio Campelo Jr., economista da FGV, prevê um
aumento de produção nos
próximos meses, já que os
estoques estão ajustados e há
previsão de retomada.
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