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VAREJO
Comerciantes e sindicato locais apoiaram a prefeitura na iniciativa de não ceder terreno central à rede americana
Londrina barra área pedida pelo Wal-Mart
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
RENATO FRANZINI
COORDENADOR-ADJUNTO DA AGÊNCIA FOLHA
Para instalar uma loja em Londrina, cidade de 500 mil habitantes no norte do Paraná, o Wal-Mart, maior rede de varejo do
mundo, sofre oposição do prefeito, de entidades ligadas à área cultural, dos comerciantes e de trabalhadores locais.
O Wal-Mart pretende construir
um Supercenter (hipermercado)
num terreno vazio, no centro, onde a prefeitura planeja erguer um
teatro. A seu favor, a rede argumenta que suas lojas criam empregos e vendem produtos a preços abaixo da concorrência.
Mas críticos argumentam que o
Wal-Mart causa a falência de pequenos comércios, o que mataria
mais empregos do que as vagas
criadas pelo hipermercado. Também reclamam do impacto de
suas megalojas sobre o trânsito e
dos baixos salários que ele paga.
A polêmica começou há um ano
e se tornou um confronto aberto
em março, quando uma série de
outdoors foi espalhada pela cidade, em campanha publicitária que
acusa o prefeito Nédson Micheleti
(PT), 46, de ser contra a geração
de empregos em Londrina.
A campanha foi encomendada
por Sebastiana Maria Lis, 54, procuradora da Taveri Empreendimentos, dona da área de 14.053 m2
escolhida pelo Wal-Mart para
abrigar o Supercenter.
Em agosto do ano passado, o
prefeito Micheleti decretou o terreno de utilidade pública para fins
de desapropriação. No local o
prefeito quer construir um teatro.
Após a campanha da Taveri, a
Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) se aliou ao
Sindicato dos Trabalhadores do
Comércio em apoio ao prefeito.
"Não temos nada contra o Wal-Mart. O que não admitimos é
aceitar imposições. O terreno
pleiteado vai ser um teatro. O município ofereceu cinco áreas à rede
para avaliação. O seu diretor [de
expansão] Ciro Schmeil foi taxativo, quer a rede no local. Não aceito imposições", disse Micheleti.
Apesar de considerar que nada
poderá impedir a instalação do
Wal-Mart em Londrina, "com as
leis atuais", o presidente da Acil,
David Dequech Neto, 35, afirma
que "todo mundo só fala nos preços mais baixos da rede, mas ninguém quer ver a pobreza e a falência de pequenas lojas que ela gera
em sua volta".
Na avaliação de Dequech, endossada pelo Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Londrina, a cada 450 empregos diretos gerados pelo Wal-Mart onde
se instala, ele provoca 1.500 desempregos com o fechamento de
pequenas lojas que não conseguem concorrer com seus preços.
Na Califórnia
A cidade californiana de Inglewood, próxima de Los Angeles,
virou símbolo de resistência ao
Wal-Mart. Primeiramente, uma
lei aprovada pelos vereadores impediu a instalação de lojas com
mais de 14,4 mil m2 na cidade. Depois, a instalação foi barrada em
um plebiscito -para o qual a rede gastou US$ 1 milhão em uma
campanha que incluiu anúncios
em jornais e na TV.
O prefeito Roosevelt Dorn lamentou o resultado. Disse que a
loja criaria 1.200 empregos e que,
mesmo que os salários fossem
baixos, isso seria positivo numa
cidade onde 25% dos jovens de 18
a 25 anos estão desempregados.
A campanha contra o Wal-Mart
foi coordenada por líderes religiosos e comunitários e recebeu contribuições de sindicatos e até de
uma rede de supermercado que
atua no Estado, a Safeway.
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