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Até bancos devem ter lucros mais modestos
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O segundo trimestre de 2002,
que já se aproxima do fim, não deverá ser dos melhores para alguns
bancos que atuam no Brasil. Uma
sucessão rara de apostas mal feitas das instituições, atuações desastradas do Banco Central e crises no mercado devem se traduzir
em grandes perdas e, consequentemente, lucros mais modestos
que os de costume.
Segundo analistas, as instituições mais afetadas deverão ser os
bancos de investimento.
As causas para o pior desempenho dos bancos são muitas. Começaram principalmente com a
crise do chamado "cupom cambial" há algumas semanas. O cupom cambial é um instrumento
do mercado futuro que permite
ao investidor fazer, ao mesmo
tempo, uma aposta na trajetória
dos juros e do dólar.
As posições de muitos bancos
refletiam uma aposta em queda
de juros e estabilidade do dólar.
Mas esse movimento não se confirmou e os bancos começaram a
amargar perdas.
Quando isso acontece, o investidor tem duas opções principais.
Esperar (e torcer para) que a tendência se inverta para tentar recuperar as perdas. Ou se desfazer da
aposta feita e registrar o prejuízo.
Segundo o analista do setor
bancário de um importante banco, grande parte das instituições
que estavam sofrendo perdas na
BM&F (Bolsa de Mercadoria e
Futuros) com o cupom cambial
optaram por registrar os prejuízos. Isso deverá abalar os balanços dos bancos no trimestre.
Outra provável fonte de lucros
menores é a mudança nas regras
de contabilidade dos ativos dos
bancos, determinada pelo BC.
Como os fundos de investimento,
os bancos terão de adotar a chamada "marcação a mercado" para contabilizar títulos públicos. A
regra vai valer para os papéis que
as instituições considerarem que
podem vender no curto prazo.
O método de marcação a mercado leva em conta as oscilações
que esses papéis têm diariamente.
Até então, algumas instituições
usavam outra regra contábil que
considerava o valor projetado para os títulos em seu vencimento
conforme a variação dos juros.
De acordo com especialistas, os
bancos poderão passar a fazer
provisões para possíveis perdas
com títulos ou registrar, diretamente, prejuízos com os mesmos.
Mas analistas fazem uma ressalva:
como os bancos terão flexibilidade para classificar seus títulos, poderão considerar papéis que estejam desvalorizados como títulos
que pretendem manter até o vencimento e, com isso, driblar a
marcação a mercado.
A recente alta do dólar poderá
compensar, em parte, as perdas
de alguns bancos que tenham, por
exemplo, ativos no exterior.
No geral, os lucros de grandes
bancos de varejo deverão ser, segundo analistas, menos afetados.
Acredita-se, por exemplo, que essas instituições já tenham se desfeito de títulos públicos longos,
como LFTs, de suas carteiras.
Segundo o analista de uma consultoria, os bancos não chegarão a
ter prejuízos, mas tampouco este
será um trimestre de lucros altíssimos para todos.
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