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INDÚSTRIA
Expansão do segmento petroleiro e a substituição de importações de máquinas são os destaques para o resultado do setor
Bens de capital vai na contramão e cresce 29% em abril
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Impulsionado pela alta de 16%
no primeiro quadrimestre de
2002 em relação ao mesmo período de 2001, o setor de bens de capital espera crescer de 6% a 8% este ano.
Os dados são da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de
Máquinas e Equipamentos). Outro dado positivo é o crescimento
de 29% em abril deste ano em relação ao ano passado.
Por serem responsáveis por
equipamentos e componentes
que servem para a produção de
outros bens e serviços, os bens de
capital são considerados termômetros da economia. Um desempenho positivo do setor pode indicar uma aposta na recuperação
da economia ou um indício de
que a situação não é tão grave.
Porém, apesar de parecer que a
indústria de bens de capital está
imune aos indícios de desaceleração da economia brasileira, especialistas recomendam cautela na
avaliação desses dados.
Para o coordenador do grupo
de indústria e competitividade da
UFRJ, David Kupfer, o crescimento de 16% registrado pela
Abimaq é surpreendente, mas
não significa uma retomada da
economia brasileira, que, segundo ele, apresenta fortes indícios de
recessão.
Na avaliação do economista, os
resultados da Abimaq devem refletir o desempenho positivo de
alguns segmentos, sobretudo o
petroleiro. Diferentemente de outros setores, essa indústria está em
fase de expansão, que deve ser
mantida por, pelo menos, mais
seis anos.
Essa afirmação é corroborada
pelo presidente da Abimaq, Luiz
Carlos Delben Leite. Ele calcula
que serão investidos cerca de US$
8 bilhões no segmento de petróleo
ao longo de 2002. Para os próximos quatro anos, a cifra deve chegar aos US$ 32 bilhões.
Além desse destaque, o presidente da Abimaq também dá outra razão para o bom resultado do
setor. "O processo de comercialização na indústria de bens de capital é mais longo. Logo, pequenas turbulências não têm impacto
significativo", afirmou Leite.
O presidente também diz não
acreditar no risco de recessão no
país, apesar da manutenção da taxa básica de juros (Selic), considerada por ele como "uma grande
barbeiragem".
Sobre à expectativa de crescimento de 6% para o ano, Kupfer
considera o número plausível. A
substituição de importações de
máquinas, em resposta à retração
de 10% do volume importado de
máquinas no quadrimestre, é
apontada pelo economista como
um dos pilares da alta.
Importações em baixa
Diferentemente do desempenho da produção brasileira de
bens de capital, as importações do
setor estão em baixa. Em comparação com 2001, os primeiros
quatro meses de 2002 registraram
queda de 10%.
Segundo especialistas, essa retração indica desaceleração da
economia, pois o volume de importações acompanha o desempenho econômico de um país.
A Emo Ltda., empresa importadora de máquinas para a indústria metalúrgica e automobilística, ilustra o impacto dessa queda
para os importadores de máquinas e equipamentos.
Segundo Carlos Gaisbauer, gerente de marketing da empresa,
neste ano já foi notada uma queda
de 50% a 80% nas importações.
Para ele, o faturamento de US$ 4
milhões conseguidos no ano passado deverá encolher neste ano.
O prognóstico negativo tem como base o resultado das vendas
na Mecânica 2002, maior feira do
setor realizada em São Paulo no
começo de maio. Pela primeira
vez, a empresa não fechou nenhum negócio durante o evento.
O crescente aumento de desemprego e a alta do dólar são apontados por Gaisbauer como os principais fatores pela retração no volume de maquinário importado.
As exportações da indústria de
bens de capital também não vão
bem. Segundo o presidente da
Abimaq, o fraco desempenho das
vendas externas no quadrimestre
reflete, sobretudo, a crise argentina. Em contraste com 2001, houve
queda de 9%.
Segundo a Abimaq, o volume
exportado para o mercado norte-americano passou de 25,48% para
33,14%. A participação do Reino
Unido subiu de 2,10% para 6,99%.
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