São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2008

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Estatal busca solução para impasse sobre nova plataforma

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

A diretoria da Petrobras deve decidir, nos próximos dias, o projeto de engenharia a ser adotado na plataforma P-62- que tem custo estimado em US$ 1,5 bilhão. Com a definição, chegará ao fim uma longa batalha travada nos últimos meses em diferentes esferas da estatal, inclusive na diretoria. Mas, seja qual for a decisão, a polêmica deve persistir.
De um lado, estão sindicalistas, como metalúrgicos e petroleiros, políticos e parte da diretoria da estatal- Renato Duque, da diretoria de Serviços, é apontado como o principal porta-voz do grupo. No discurso, o intuito é agilizar a construção da plataforma e defender a indústria naval do Rio.
Do outro lado, estão técnicos ligados à área de exploração e produção da Petrobras, dirigida pelo geólogo Guilherme Estrella, que defendem a convocação de uma licitação internacional. O argumento é o de que o procedimento resultaria em custos menores. Há ainda os técnicos que defendem a exclusão do estaleiro Mauá das próximas concorrências.
Isso porque as investigações que resultaram na operação Águas Profundas, da Polícia Federal, realizada em julho do ano passado, alcançou um dos diretores do Mauá, que hoje responde a processo na Justiça Federal.
José Roberto Bello Simas e mais 27 pessoas (incluindo cinco funcionários da Petrobras, três deles já demitidos) são acusados de fraude em licitações e corrupção ativa e passiva. A investigação, que durou dois anos, descobriu irregularidades nas licitações para reparos em plataformas- arquitetadas pela empresa Angra Porto, que teria repassado os contratos a outros estaleiros, entre eles, o Mauá.
Controlado pelo empresário German Efromovich, o estaleiro Mauá pode agora ser beneficiado por um critério técnico na construção da P-62: a decisão de "clonar" o navio-plataforma P-54, construído pelo próprio Mauá e pelo Jurong, de Cingapura (a parceria foi desfeita em fins do ano passado).
Entre as vantagens, segundo os defensores da idéia, está a de que os prazos da obra ficariam menores. A previsão é de 36 meses. Em junho, o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, chegou a anunciar que o negócio com o Mauá já havia sido fechado. Até agora, não houve confirmação. A informação oficial da estatal é a de que "a contratação da plataforma ainda está em análise".
Já os críticos da proposta de "clonar" a P-54 sustentam que, ao convocar as chamadas "empresas afretadoras" para licitação da P-62, a estatal poderá reduzir custos em até US$ 250 milhões. Além disso, as "afretadoras" estarão livres para contratação dos estaleiros- ainda que sujeitas à obrigação de manter pelo menos 65% de "conteúdo nacional" na construção da plataforma.

Reunião com sindicatos
Nas últimas semanas, os técnicos da Petrobras se desdobram em duas frentes: discutem internamente a solução a ser adotada para a P-62 e negociam com sindicalistas do Rio e de Niterói -que ameaçam organizar protestos, caso a construção da plataforma não fique com o estaleiro Mauá, com sede em Niterói.
"O custo social será enorme. Cerca de 3.000 trabalhadores ficarão desempregados. E os beneficiados serão de fora, estaleiros do exterior", diz Reginaldo Silva, diretor do sindicato dos Metalúrgicos de Niterói. "Isso ameaçaria a retomada da indústria naval, uma bandeira do presidente Lula", diz Luiz Chavez, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio.


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