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Estatal busca solução para impasse sobre nova plataforma
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO
A diretoria da Petrobras deve
decidir, nos próximos dias, o
projeto de engenharia a ser
adotado na plataforma P-62-
que tem custo estimado em
US$ 1,5 bilhão. Com a definição, chegará ao fim uma longa
batalha travada nos últimos
meses em diferentes esferas da
estatal, inclusive na diretoria.
Mas, seja qual for a decisão, a
polêmica deve persistir.
De um lado, estão sindicalistas, como metalúrgicos e petroleiros, políticos e parte da diretoria da estatal- Renato Duque, da diretoria de Serviços, é
apontado como o principal porta-voz do grupo. No discurso, o
intuito é agilizar a construção
da plataforma e defender a indústria naval do Rio.
Do outro lado, estão técnicos
ligados à área de exploração e
produção da Petrobras, dirigida
pelo geólogo Guilherme Estrella, que defendem a convocação
de uma licitação internacional.
O argumento é o de que o procedimento resultaria em custos
menores. Há ainda os técnicos
que defendem a exclusão do estaleiro Mauá das próximas concorrências.
Isso porque as investigações
que resultaram na operação
Águas Profundas, da Polícia Federal, realizada em julho do ano
passado, alcançou um dos diretores do Mauá, que hoje responde a processo na Justiça
Federal.
José Roberto Bello Simas e
mais 27 pessoas (incluindo cinco funcionários da Petrobras,
três deles já demitidos) são
acusados de fraude em licitações e corrupção ativa e passiva. A investigação, que durou
dois anos, descobriu irregularidades nas licitações para reparos em plataformas- arquitetadas pela empresa Angra Porto, que teria repassado os contratos a outros estaleiros, entre
eles, o Mauá.
Controlado pelo empresário
German Efromovich, o estaleiro Mauá pode agora ser beneficiado por um critério técnico
na construção da P-62: a decisão de "clonar" o navio-plataforma P-54, construído pelo
próprio Mauá e pelo Jurong, de
Cingapura (a parceria foi desfeita em fins do ano passado).
Entre as vantagens, segundo
os defensores da idéia, está a de
que os prazos da obra ficariam
menores. A previsão é de 36
meses. Em junho, o diretor financeiro da Petrobras, Almir
Barbassa, chegou a anunciar
que o negócio com o Mauá já
havia sido fechado. Até agora,
não houve confirmação. A informação oficial da estatal é a
de que "a contratação da plataforma ainda está em análise".
Já os críticos da proposta de
"clonar" a P-54 sustentam que,
ao convocar as chamadas "empresas afretadoras" para licitação da P-62, a estatal poderá reduzir custos em até US$ 250
milhões. Além disso, as "afretadoras" estarão livres para contratação dos estaleiros- ainda
que sujeitas à obrigação de
manter pelo menos 65% de
"conteúdo nacional" na construção da plataforma.
Reunião com sindicatos
Nas últimas semanas, os técnicos da Petrobras se desdobram em duas frentes: discutem internamente a solução a
ser adotada para a P-62 e negociam com sindicalistas do Rio e
de Niterói -que ameaçam organizar protestos, caso a construção da plataforma não fique
com o estaleiro Mauá, com sede
em Niterói.
"O custo social será enorme.
Cerca de 3.000 trabalhadores
ficarão desempregados. E os
beneficiados serão de fora, estaleiros do exterior", diz Reginaldo Silva, diretor do sindicato dos Metalúrgicos de Niterói.
"Isso ameaçaria a retomada da
indústria naval, uma bandeira
do presidente Lula", diz Luiz
Chavez, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio.
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