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Bovespa cai 2,3% após pacote dos EUA
Queda nas commodities leva Bolsa brasileira a menor nível desde 2007, enquanto nos EUA e na Europa dia é de ganhos
Recuo de Petrobras e Vale, vendidas por estrangeiros, derruba pregão; dólar
sobe no mundo e ganha
0,9% diante do real
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em rota contrária à vivida
pelas maiores Bolsas de Valores do mundo, a Bovespa encerrou ontem em queda forte de
2,35%. Enquanto isso, outros
mercados tiveram ganhos na
esteira do socorro bilionário às
duas gigantes americanas de
hipotecas anunciado no domingo pelo governo Bush.
A Bovespa até que ensaiou
um resultado favorável, em
consonância com o cenário internacional. Na primeira hora
de pregão, a Bolsa paulista chegou a subir 3,4%. Mas, com o
derretimento das ações de Petrobras e Vale, não conseguiu
se sustentar.
Já os pregões nos EUA foram
de ganhos. O índice Dow Jones
subiu 2,58% e a Nasdaq, 0,62%.
Na Europa, a Bolsa de Londres
subiu 3,92%, seguida por Paris
(3,42%) e Frankfurt (2,22%).
Na Ásia, Tóquio subiu 3,38%.
Enquanto analistas esperam
que o pacote americano contenha uma piora ainda maior no
setor financeiro dos EUA, vêem
um quadro incerto no mercado
brasileiro. A ajuda às gigantes
Fannie Mae e Freddie Mac pode alcançar US$ 200 bilhões. O
temor de quebra das duas empresas vinha colaborando para
a piora do mercado nos últimos
meses.
O que estragou a possibilidade de a Bovespa se beneficiar
do bom humor internacional
foram as desvalorizações expressivas dos papéis da Petrobras e de siderúrgicas e mineradoras, todas atreladas aos preços das commodities. As ações
de companhias dependentes do
desempenho das commodities
no exterior representam cerca
de 43% do índice Ibovespa.
Nem mesmo a alta dos papéis
dos maiores bancos do país
-Bradesco PN subiu 2,14%, e
Itaú PN, 1,01%- conseguiu evitar a queda, que fez com que a
Bovespa passasse a acumular
perdas de 8,91% no mês, ao
marcar ontem 50.717 pontos
-menor nível em mais de um
ano.
A queda de Petrobras PN, a
mais negociada do pregão, ficou em 5,02%; Gerdau PN teve
baixa de 3,98%; CSN ON caiu
3,78%; e Vale PNA recuou
3,46%.
"Esse movimento serve de lição para quem está entrando
no mercado acionário agora. A
concentração da Bolsa em setores ligados a commodities acaba por torná-la ainda mais volátil nesses momentos de crise e
incertezas", afirma o economista Francisco Pessoa Faria,
da consultoria LCA.
Segundo profissionais do
mercado, os investidores estrangeiros aceleraram a venda
dos papéis de Petrobras e Vale
na última hora de pregão, o que
fez com que fechassem perto
das mínimas do dia.
Desde junho, os estrangeiros
mais têm vendido do que comprado ações, o que explica boa
parte da queda da Bovespa no
período.
Na Bolsa de Nova York, os
papéis de companhias brasileiras também perderam valor. Os
ADRs (recibos de ações de empresas estrangeiras negociados
nos EUA) da Petrobras caíram
2,90%, e os da Vale, 2,94%.
Com as pesadas vendas de
ações, o volume movimentado
ontem alcançou os R$ 5,15 bilhões -montante 20% maior
que a média de agosto.
"A queda forte das principais
ações da Bovespa sinaliza venda mais expressiva de estrangeiros. O Brasil é um mercado
de alta liquidez, buscado pelos
investidores quando querem
sair rapidamente [de ações]",
disse Romeu Vidali, gerente de
renda variável da corretora
Concórdia.
Segundo Vidali, como as Bolsas têm caído muito nos últimos meses nos EUA e na Europa, é esperado que, num momento de menor tensão, os
grandes investidores busquem
esses mercados acionários primeiro, deixando os emergentes
para um segundo momento.
Além da Bolsa brasileira, outras
que fecharam ontem em baixa
foram China (-2,67%), Peru
(-1,40%) e Argentina (-0,62%).
Já o dólar se recuperou nos
principais mercados globais.
Em relação ao euro, a moeda
americana se apreciou 0,9%, alcançando sua mais elevada cotação em 11 meses.
No mercado de câmbio brasileiro, o dólar abriu em queda
-foi vendido a R$ 1,697 na mínima-, mas acabou fechando
em alta de 0,87%, a R$ 1,735.
"O mercado internacional viveu um dia de alívio, mas ainda
é cedo para pensar em fim da
crise", disse Nelson Carneiro,
economista da consultoria
Austin Rating.
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