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Mantega exalta cumprimento de meta de inflação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na semana em que o Ministério da Fazenda organizou um
seminário para exaltar o desenvolvimento econômico e comemorar os seus 200 anos, o centro das atenções e das críticas
foi a política monetária do Banco Central. Ex-ministros convidados para contar sua história à
frente da pasta, Delfim Netto e
Luiz Carlos Bresser-Pereira,
aproveitaram para condenar o
aumento dos juros, na semana
em que o Copom se reúne para
decidir a intensidade da quarta
elevação da Selic no ano.
Sem citar os últimos aumentos dos juros, o ministro Guido
Mantega (Fazenda) destacou o
crescimento econômico de até
5% (o resultado do PIB do segundo trimestre será divulgado
amanhã) e afirmou que o Brasil
será o único país a cumprir a
meta de inflação do ano, mantendo a variação de preços dentro do intervalo de tolerância,
de dois pontos percentuais para mais, ou seja, até 6,5%.
"Estamos comemorando o
melhor desempenho inflacionário entre os Brics [Brasil, Índia, China e Rússia] e entre a
maioria dos emergentes. Podemos almejar com realismo a
eliminação do déficit nominal",
disse Mantega. "Podemos nos
vangloriar que vamos ser o único país entre os que adotaram o
regime de metas de inflação
que vai terminar o ano com inflação dentro das bandas de variação [até 6,5%]."
Pela manhã, em cerimônia
no Ministério da Fazenda, para
descerramento de placa comemorativa dos 200 anos do Ministério da Fazenda, Mantega
foi mais enfático na crítica ao
aumento de juros, embora não
tenha citado diretamente o BC.
Ele afirmou que o Brasil está
crescendo a 5% ao ano de forma
sustentável, sem gerar pressão
inflacionária. O argumento do
BC ao elevar os juros é exatamente o descompasso entre a
oferta e a demanda.
"Não estou totalmente convencido com o seu otimismo",
disse Bresser a Mantega. Para o
ex-ministro, a sustentabilidade
do crescimento brasileiro está
ameaçada pela ortodoxia do
BC, que ele considerou fracassada em todo o mundo.
Um dos principais conselheiros econômicos do presidente
Lula, o ex-ministro da Fazenda
Delfim Netto também criticou
o BC. Ele disse que o produto
potencial, ou seja, o limite de
crescimento de um país, não
existe. Por isso, não adianta o
BC calcular o limite de crescimento da oferta para calibrar o
aumento dos juros. "É claro
que existe um limite, mas ninguém sabe calcular. [O PIB potencial] é uma invenção e está
muitos distante da realidade."
O presidente do BC, Henrique Meirelles, estava na mesa
de abertura do seminário enquanto Mantega discursava como anfitrião. E a palestra de
Meirelles, que estava marcada
para hoje, foi cancelada.
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