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Brasil e Argentina selam comércio em moeda local
Para Mantega, acordo é 1º passo para padrão monetário único no Mercosul
Trocas comerciais serão feitas em peso e real, e não mais em dólar; operação deve reduzir custos para pequenas empresas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após anos de negociações e
ajustes, Brasil e Argentina selaram ontem o início das operações de comércio em moeda local a partir do dia 6 de outubro,
o que deve reduzir custos especialmente para as pequenas e
médias empresas. Com a medida, as trocas comerciais serão
feitas em peso e real e não mais
em dólar, como hoje.
Os presidentes Luiz Inácio
Lula da Silva e Cristina Kirchner também assinaram acordos
de cooperação, prevendo o lançamento de um satélite e a criação de uma binacional de enriquecimento de urânio.
Os dois países também passam a desenvolver estudos conjuntos na área de TV Digital, o
que pode levar a Argentina a
adotar o padrão japonês.
Lula disse que, com o comércio em moeda local, Brasil e Argentina "dão o passo inicial para uma futura integração monetária regional". Depois de
consolidado, será a vez de ampliá-lo para os demais sócios do
Mercosul -Paraguai e Uruguai.
Segundo Cristina, além de
ser importante economicamente, a medida tem significado cultural para a integração.
"Essa relação entre Brasil e
Argentina, sustentadora do
Mercosul e da unidade regional, assegura que a região pode
desenvolver independência
econômica, tecnológica e fundamentalmente de cabeças."
Novas oportunidades
Para o ministro Guido Mantega (Fazenda), o sistema vai
baratear o custo das operações,
abrir novas oportunidades para
empresas de menor porte e valorizar o real e o peso.
"Isso caminha, no longo prazo, em direção à moeda local,
que eu acho que o Mercosul deveria ter no futuro. É um primeiro passo", afirmou, logo
após a assinatura do acordo.
Segundo Mantega, o início
das operações em moeda local
entre Brasil e Argentina vai começar de forma experimental
até que seja possível migrar totalmente para o novo sistema.
A diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central,
Maria Celina Arraes, estima em
4% a redução de custos que pode ser proporcionada às empresas que aderirem ao sistema. "O grande exportador que
tiver muitos custos em dólar
pode preferir continuar recebendo em dólar", ressaltou.
O BC avalia que de 10% a
20% das operações de comércio optem pela moeda local. O
comércio entre os dois países
movimentou US$ 24,82 bilhões
em 2007 e US$ 20,53 bilhões de
janeiro a agosto deste ano.
O acordo prevê a suspensão
do sistema em caso de "mudança substancial adversa nas condições dos mercados financeiro
ou cambial do Brasil ou da Argentina, motivada, por exemplo, por fatores naturais, políticos, sociais, econômicos ou financeiros, internos ou externos, desde que sejam de caráter
extraordinário e criem obstáculos ao cumprimento normal
das obrigações assumidas pelos
Bancos Centrais".
Os BCs do Brasil e da Argentina, no texto, se eximem de resolver divergências entre importadores e exportadores.
Quando houver controvérsias
envolvendo os dois bancos, a
regra prevista no acordo indica
que o caso será resolvido pelo
Tribunal de Olivos, a corte arbitral do Mercosul.
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