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CONSUMO
Skol mantém liderança, com 32,1% do mercado; Brahma vem em seguida, com 20,6%, e Nova Schin assume terceiro lugar
Marketing e preço acirram guerra da cerveja
ADRIANA MATTOS
JOSE ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A declarada disputa das cervejarias brasileiras invadiu as TVs e
foi parar nas gôndolas. Os últimos
números, apurados pelo Instituto
de Pesquisas Nielsen, mostram
expansão da Nova Schin, superando as marcas Kaiser e Antarctica em setembro. Dados de outubro, que serão publicados dentro
de uma semana, podem confirmar esse crescimento. Outras empresas de menor porte também
ganharam espaço no período.
Mais: análise de duas grandes
redes de supermercados mostram que a Nova Schin, do grupo
Schincariol, ultrapassou a Kaiser
em outubro e encostou nas vendas da Brahma, apurou a Folha.
Depois do "Experimenta", a cervejaria prepara nova ação de marketing que chega às TVs e mídia
impressa dentro de cinco dias.
A situação atual é esta: a Skol é a
cerveja mais vendida no Brasil,
com participação de mercado de
32,1%. À distância aparece a
Brahma, com 20,6%. Assumindo
o terceiro lugar, com 9,6%, está a
Nova Schin, que em setembro
deixou para trás a Antarctica
(9,4%) e a Kaiser (8,9%).
"Eles [a Schincariol] não devem
estar muito felizes com o resultado. Pelo investimento milionário
que fizeram, poderiam crescer até
mais", cutuca Miguel Patrício, diretor de marketing da AmBev.
"Estamos indo muito bem. E esperamos, já na próxima sondagem do setor, ocuparmos a segunda colocação entre as maiores
empresas de cerveja", rebate Luís
Cláudio de Araújo, gerente de
marketing da Schincariol.
O sobe-e-desce das marcas
acontece num ao em que o consumo de cerveja no país deve encolher 14% comparado a 2002, segundo projetam os consultores. A
retração econômica, em anos de
renda minguada, cortou da lista
de compras os itens não essenciais, como bebidas alcóolicas.
Migração
É nesses tempos bicudos que o
consumidor fica mais aberto a
novidades e a migração entre as
marcas acontece. Principalmente
se as novidades são mais baratas.
A garrafa de Kaiser ou Brahma
custa até R$ 0,40 a mais que a de
Nova Schin, mesmo com o reajuste que a companhia promoveu
com o lançamento.
"Há uma expectativa de que
parcela dos consumidores mais
fiéis voltem às marcas tradicionais logo. Já outros, ficarão com a
novidade", diz Renata Marconato, analista da Lafis Consultoria.
No ranking de empresas líderes,
as distâncias entre os grupos se
encurtaram. A Molson, que controla Kaiser, Bavária e Heineken,
era dona de 12,9% das vendas totais em julho. Subiu para 13,3%
em agosto e voltou a cair em setembro (12,4%), mês em que a
Nova Schin chegou ao comércio.
Na semana passada, a companhia informou que teve perdas no
Brasil. O volume de vendas no terceiro trimestre com Kaiser, Bavária e Heineken caiu 8,2% sobre
igual período de 2002. A receita
subiu 2,3%, mas por conta dos
reajustes de preços.
A AmBev também anunciou
que no terceiro trimestre do ano
as vendas foram 12% menores do
que em igual período do ano passado. A empresa esperava uma redução de um dígito.
Não é só isso. Em setembro de
2002, a companhia estava com
70,1% de participação. Caiu para
68,7% em julho, 67,4% em agosto
e em setembro, teve nova queda
(66,1%). Com isso, em um ano, a
líder perdeu quatro pontos. Cada
ponto equivale a uma receita de
R$ 80 milhões.
Reajustes
Reajustes de preços podem ser
uma das causas dessa queda, diz
Daniel Pasquali, analista da Fator
Doria-Atherino. Em julho a Ambev aumentou o valor de suas cervejas entre 8% e 10%. Reajuste anterior a esse aconteceu em setembro de 2002, com alta de 10% em
média. A Kaiser praticou aumentos também. Enquanto isso, a renda do brasileiro cai há dez meses
consecutivos -só em setembro,
a queda foi de 14,6% sobre 2002.
A pressão nos custos, por conta
da valorização do dólar, forçou a
revisão nas tabelas de preços. A
cerveja tem insumos importados.
Rankings mensais são como fotografias: refletem um momento,
mudam sempre e, ao menor sinal
de guerra de preços entre as marcas, sofrem alterações. Não é só isso: rankings seguem não só o critério do volume de vendas (em litros), como o de valor (receita).
No caso da receita, as grandes
cervejarias ainda ocupam as primeiras colocações no mercado.
Skol, Brahma e Antarctica seguem à frente. Logo após aparece
a Kaiser, seguida pela Schincariol.
Aumentar a participação que a
companhia tem na receita gerada
pelo setor é fundamental para que
a empresa tenha recursos próprios para reinvestir no negócio,
diz Miguel Patrício. "Ganhar um
ou dois pontos no ranking, em
termos de litros vendidos, é normal com essa campanha milionária deles [Schin]. Mas é preciso
aumentar receita também", cutuca Patrício.
Esse não parece ser um problema, na avaliação da Schincariol. O
gerente da empresa, Luís Cláudio
de Araújo, afirma que há caixa necessário para isso e que o plano de
expansão foi desenhado há dois
anos levando em conta esse fator.
"Estamos aplicando R$ 120 milhões em marketing neste ano. É
um terço da verba da AmBev. Não
tem nada de milionário", afirma.
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