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Cresce o déficit da balança de serviços
Saldo negativo do setor, que inclui fretes, seguros, manutenção de máquinas e publicidade, atinge US$ 12,3 bi em 2007
Exportação de serviços tem alta de 25,7%, e importação, de 28,4%; nos dois casos, expansão supera a da balança de produtos
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A balança comercial de serviços do país fechou o ano passado com déficit de US$ 12,3 bilhões -aumento de 33,7% em
relação a 2006, quando já era
deficitária. Em 2007, o Brasil
exportou US$ 22,5 bilhões
-aumento de 25,7%- e importou US$ 34,8 bilhões -crescimento de 28,4%. Ambas as contas tiveram crescimento superior ao da balança de produtos.
Os setores que mais comercializaram serviços com o exterior foram os de serviços financeiros, comércio atacadista,
manutenção de máquinas, serviços de TI e consultoria em
gestão empresarial. Os Estados
Unidos são o maior destino, ao
receber 53,6% dos serviços exportados. A Holanda vem em
segundo lugar, com 5,4%.
A negociação internacional
de serviços não é algo novo,
tendo início com a oferta internacional de fretes e seguros por
países como a Holanda e a Inglaterra antes do século 20. As
empresas brasileiras, porém,
ainda aproveitam pouco a opção de serviços ao exterior.
No ano passado, 22.653 empresas exportaram serviços e
outras 54.420 pessoas fizeram
o mesmo, o que revela um dos
atrativos do setor: é possível
vender serviços profissionais,
como consultorias e música. A
maioria das empresas (16.391)
vendeu até US$ 100 mil.
A exportação e a importação
de serviços compreendem quatro tipos: 1) serviço prestado
por uma empresa no Brasil para o exterior; 2) serviços no
Brasil para não-residentes no
país; 3) serviços exercidos lá fora por pessoas que moram no
país; e 4) quando uma empresa
presta serviços lá fora por meio
de subsidiária estrangeira.
Entram na conta uma ampla
gama de serviços, como automação industrial de bancos ou
supermercados, fretes, seguros, obras audiovisuais, manutenção de máquinas e equipamentos, publicidade e pesquisas, construção etc.
A maior inserção de empresas brasileiras no mercado internacional de serviços alavanca duas vantagens competitivas: ao exportar serviços, a empresa cria parceria com agente
econômico externo e pode levar junto a venda de produtos.
Países como EUA, Reino Unido, Alemanha, Japão e França
ganham mercados por meio de
serviços e dominam o setor.
Problemas
Por se basear em profissionais, e não em produtos acabados, o setor de serviços sofre no
Brasil com a alta carga de impostos sobre a folha de pagamento e dificuldades de formalização do trabalho. "O desafio
de mão-de-obra é sempre importante. Outro aspecto é a
questão da confiança: quem exporta precisa ter referências,
credibilidade é um desafio importantíssimo", avaliou Christiano Braga, da Apex (Agência
de Promoção de Exportação).
Segundo o presidente da
CNS (Confederação Nacional
de Serviços), Luigi Nese, há
grande dificuldade de obter financiamento, uma vez que o
prestador de serviço só possui
um contrato com o exterior, e
não garantias como plantas industriais, por exemplo. "O problema é dar condição de competir. Se fizermos um programa sobre isso, o déficit vai diminuir e vamos aumentar nossa participação no mercado."
O secretário de Comércio e
Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Edson Lupatini, diz que há indícios de aumento no número de empresas
exportando serviços neste ano.
"A inserção de micro e pequenas empresas no mercado
internacional sem dúvida se dá
muito mais pelo setor de serviços do que na área de bens."
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