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Petróleo recua a US$ 100, e Opep decide cortar produção
Corte equivale a 2% da produção do cartel; barril chega a ser cotado a US$ 99 em Londres
Em comunicado, Opep
afirma que mercado está
"sobreabastecido" e, por isso,
decidiu reduzir extração
diária em 520 mil barris
DA REDAÇÃO
Após o preço do petróleo ficar abaixo de três dígitos em
Londres, a Opep (Organização
dos Países Exportadores de Petróleo) decidiu cortar a produção diária em cerca de 520 mil
barris durante os próximos 40
dias, informou ontem o presidente do cartel, Chakib Khelil.
O corte, equivalente a quase
2% da produção total da Opep,
tem o objetivo de ajustar a produção à cota oficial, de 28,8 milhões de barris por dia.
"Como o mercado está sobreabastecido, [a Opep decidiu]
cumprir com as cotas de produção de setembro de 2007, em
um total de 28,8 milhões de
barris por dia, nível que os países-membros se comprometeram a cumprir estritamente",
afirmou o cartel, por meio de
comunicado.
Para a Opep, a oferta atual de
petróleo é superior à demanda,
o que pode provocar um colapso nos preços, diante de um cenário de desaceleração econômica mundial.
Ontem, em Londres, o combustível chegou a ficar abaixo
da marca de três dígitos pela
primeira vez desde abril.
Vários dirigentes da Opep
(responsável por cerca de 40%
da produção mundial) chegaram a sinalizar que o corte na
oferta de petróleo não ocorreria, o que ajudou a derrubar o
preço em mais de US$ 3.
Também contribuiu para a
queda a expectativa de que o furacão Ike não atinja fortemente
o golfo do México, onde está
concentrada cerca de 25% da
produção de petróleo dos EUA.
Em Nova York, a cotação do
barril recuou 2,9%, para US$
103,26, e fechou em seu menor
nível em mais de cinco meses.
Depois de atingir seu pico no
começo de julho, o preço já teve
queda de 28,9%. Já o barril tipo
Brent, negociado em Londres,
chegou a ser comercializado a
US$ 99,04 (o menor preço desde 2 de abril) e terminou o dia
valendo US$ 100,34 -queda de
3% ante o pregão anterior.
O presidente do cartel disse,
antes da reunião de ontem, em
Viena, que o mais provável era
que a produção não fosse alterada. Ele afirmou ainda que, no
longo prazo, o preço deverá ficar entre US$ 70 e US$ 110 o
barril. No fim de junho, ele disse que o produto valeria de US$
150 a US$ 170 até este mês e
que, depois, o preço cairia. Dois
meses antes, o dirigente afirmou que a cotação poderia chegar a US$ 200.
Mesmo a Venezuela, que costuma apoiar ações para elevar
os preços do barril, disse que
não há necessidade imediata de
diminuir a produção. "Achamos que podemos manter os
níveis atuais de produção", afirmou o ministro de Energia venezuelano, Rafael Ramírez.
A reunião da Opep aconteceu
ontem em Viena (Áustria) e só
começou à noite -depois do fechamento dos mercados internacionais- devido ao Ramadã
(período sagrado para os muçulmanos, em que eles jejuam
durante o dia).
Um dos motivos para o recuo
do petróleo nos últimos meses,
com queda de mais de US$ 40
em pouco mais de dois meses, é
a desaceleração da economia
global. No segundo trimestre,
por exemplo, o Japão (a segunda maior economia mundial) e
a zona do euro tiveram retrações. A economia norte-americana cresceu 3,3% de abril a junho na taxa anualizada, mas os
consumidores vêm sendo afetados pelo aumento da inflação,
devido à alta dos preços da
energia.
Indonésia
A Opep também anunciou
ontem que aceita a saída da Indonésia do seu quadro de integrantes, o que havia sido requerido pelo país.
"A conferência [da Opep]
aceitou com pesar o desejo da
Indonésia de deixar a organização", afirmou a Opep, por meio
de comunicado.
Com agências internacionais
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