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CONSUMIDOR FIEL
Com fabricação industrial e encomendas on-line, produto registra procura até 60% maior na época da Páscoa
Venda de hóstias cresce e chega à internet
FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO
Em meio a tanto chocolate, um
pequeno pedaço de massa feito
apenas com farinha de trigo e
água é também destaque de vendas na Semana Santa: a hóstia.
Prova disso é o aumento de vendas do produto verificado durante esta época: até 60% a mais do
que ao longo do ano, como informa o gerente comercial da Livraria Loyola em São Paulo, Vitor
Tavares: "Vendemos normalmente 500 mil hóstias por mês,
mas, na época da Quaresma, aumentamos nossa encomenda em
mais ou menos 300 mil hóstias".
Outra livraria católica, a Missão
Nossa, informa que as vendas de
hóstias nesta época do ano aumentam em torno de 30%.
Explica-se: além da maior quantidade de celebrações realizadas
neste período, mais fiéis vão à
igreja, alguns que não freqüentam
as missas com tanta assiduidade
durante o resto do ano.
E é durante a missa que a delicada massa de farinha, água e calor
se transforma em algo tão importante para os católicos: na consagração, para os fiéis dessa religião,
ocorreria a transubstanciação
(quando a hóstia passa a ser um
pedaço do corpo de Jesus Cristo).
É a reprodução da cena descrita
pelos evangelistas, segundo a qual
Jesus Cristo instituiu a eucaristia
na Santa Ceia, quando fez o mesmo: transformou o pão e o vinho
em seu próprio corpo e sangue
para servir de alimento para seus
discípulos. A passagem teria se
dado um dia antes da Paixão -na
Quinta-Feira Santa.
Industrial
Antes feita quase só por religiosos ou fiéis a serviço da Igreja Católica, hoje a hóstia também é fabricada em processo industrial,
mas obedecendo à receita de levar
somente farinha de trigo e água, e
comercializada pela internet.
"Usamos farinha de trigo puríssima, superbranca, feita com o
miolo do trigo, para que a hóstia
fique bem branquinha", descreve
João Tadeu Benatti, um dos sócios da Fábrica de Hóstias São
Francisco, em Mococa (SP).
A fábrica existe há dez anos e
emprega em torno de 15 pessoas
na produção de hóstias.
O segredo, ensina Márcio Lúcio
Pissolato, da Fábrica de Hóstias
São Francisco de Assis, em José
Bonifácio (SP), está no jeito de bater e de cortar a massa. "Os ingredientes não mudam", afirma Pissolato, um dos sócios da fábrica.
Depois, ela é embalada e vendida -normalmente entregue por
Sedex. As embalagens -milheiro, 500 e até 50 unidades, dependendo da necessidade do cliente- contêm a data de fabricação
e a validade, que é de seis meses.
E, no período que vai do Carnaval a Corpus Christi, a produção
da empresa de José Bonifácio aumenta na esteira de um crescimento de até 30% na quantidade
de pedidos.
Com nove anos de existência, a
fábrica emprega hoje dez pessoas,
"todos católicos praticantes", informa Pissolato.
A validade das hóstias fabricadas em Mococa é maior: oito meses. "Nós esterilizamos as hóstias,
o que aumenta sua durabilidade",
explica Benatti. Além disso, ele cita outros fatores de qualidade: a
espessura, a cor, o cozimento -a
massa assa em uma máquina programada no tempo certo- e
mesmo a modernidade do maquinário, que abre a massa e faz a
limpeza mecanicamente.
O controle de qualidade?
"Quem faz é o padre, não é? O padre é nosso principal cliente, se a
hóstia quebra ou esfarela, o padre
não vai mais querer comprar a
nossa hóstia", diz Pissolato.
Encomenda on-line
A empresa de Benatti aceita encomendas via internet. Aliás, para
ele, o ideal é que sejam feitas por
esse meio. "Alia a velocidade do
pedido ao custo, pois é mais barato do que fazer um interurbano da
Bahia, por exemplo."
Da Bahia ou de qualquer outro
Estado do país, já que as duas empresas vendem para todo o Brasil.
A fábrica de Mococa chegou até a
exportar para os Estados Unidos,
mas a venda externa foi interrompida com a Guerra do Iraque, no
ano passado. "Ficou muito complicado vender para eles qualquer
artigo branco que vá em uma caixa", afirma o sócio.
O resultado de todo esse processo pode ser encontrado, enfim, a
R$ 6,20 o milheiro em lojas católicas como a dos franciscanos, na
igreja São Francisco, no largo de
mesmo nome no centro de São
Paulo.
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