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EXUBERÂNCIA
Gás que força queda do risco-país pode estar no fim
Para analistas, continuidade do ritmo de baixa só ocorrerá após aprovação das reformas da Previdência e tributária
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
A onda de otimismo que predominou no mercado financeiro
desde o final do período eleitoral,
e que fez o risco-país cair de 2.436
pontos em setembro de 2002 para
737 pontos na última sexta-feira,
pode estar chegando ao fim.
Para economistas de bancos e
consultorias especializadas, o risco só continuará a cair se as reformas da Previdência e tributária
forem aprovadas. Entretanto, o
país só atingirá o mesmo patamar
de países como o México (250
pontos) e Rússia (330 pontos)
quando houver uma melhora estrutural na economia e, consequentemente, uma diminuição
significativa da relação dívida/
PIB.
Ou seja, será preciso ir muito
além das reformas se o presidente
do Banco Central quiser atingir a
sua meta de encerrar o mandato
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva com taxa de risco-país em
torno de 300 pontos.
"Estamos em um movimento
muito forte de recuperação. As incertezas eleitorais fizeram com
que o mercado fizesse uma precificação errada. Mas essa correção
já foi feita. Esse movimento só vai
continuar à medida que os fundamentos da economia melhorarem", disse Marco Bosco, da consultoria GlobalInvest
Segundo analistas, com a volta
do risco ao mesmo nível do início
do ano passado, o mercado passará a ser mais realista em relação à
situação econômica do país.
Dessa forma, a queda dos juros,
a manutenção de um elevado superávit primário e o aumento das
exportações são fundamentais
para a melhoria do perfil do endividamento público e para a continuidade da queda do risco daqui
para a frente.
Medo de calote
Durante o período eleitoral, o
temor de que o próximo governo
fosse decretar o calote da dívida
fez com que os títulos de curto
prazo, com vencimento entre
2004 e 2006, fossem negociados
com um "spread" (juros acima
das taxas pagas pelos títulos públicos dos EUA) acima daqueles
com vencimento depois de 2020.
Isso refletia a desconfiança do
mercado focalizada no novo governo. Ou seja: para eles, era mais
provável que a dívida de curto
prazo não fosse paga do que as
com vencimento mais longo.
"O papel mais curto, em situações normais, deve ter o "spread"
bem mais baixo, pois o risco desse
papel não ser pago no ano que
vem, por exemplo, é menor do
que o de um papel de prazo mais
longo", disse Carlos Kawal economista-chefe do Citibank.
Após as eleições, o "spread"
desses títulos voltou ao considerado "normal", com as taxas
maiores atribuídas aos de longo
prazo. Entretanto, restam dúvidas
quanto à capacidade de o Brasil
pagar suas dívidas.
"Uma das questões mais importantes é se a dívida é ou não sustentável", disse Rodrigo Azevedo,
economista-chefe do CSFB Garantia. "É possível que as reformas dêem impulso para a queda
do risco, mas é importante observar questões microeconômicas,
como o avanço do mercado de capitais e o aumento da integração
comercial do país."
Para Antônio Madeira, da
MCM Consultores, o aumento do
superávit primário esse ano foi
para os investidores um importante sinal do governo de que haverá no futuro recursos para o pagamento da dívida.
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