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TANQUE SEM FUNDO
Número de pessoas que vai de automóvel para o trabalho aumenta, mas eficiência no consumo, não
Americanos andam cada vez mais de carro
DE NOVA YORK
Enquanto os índices de consumo de combustível de seus veículos pioram, os americanos usam
cada vez mais os automóveis.
Em 1980, após as duas primeiras
grandes crises do petróleo, um
veículo nos EUA andava em média 14,7 mil quilômetros num
ano. No último levantamento do
Departamento de Transporte dos
Estados Unidos, feito em 2001, a
média passou para 18,9 mil quilômetros por ano.
O número, compara a associação dos fabricantes, é bem maior
que o de outros países. No Japão,
a média fica em torno de 9.700
quilômetros anuais. Na França,
um pouco mais, 14.500 km.
Outro levantamento, também
do governo, ajuda a detalhar como os americanos gostam cada
vez mais de andar de carro.
Unanimidade nacional
A pesquisa é sobre o meio de
transporte utilizado pelas pessoas
para ir ao trabalho. Em 1985,
72,4% dos entrevistados iam trabalhar dirigindo o próprio carro.
Em 2001, o número, após crescer
seguidamente, pulou para 78,2%.
Por outro lado, cada vez menos
gente utiliza outros tipos de meios
de transporte.
Por exemplo: a parcela da população que vai trabalhar em esquema de carona/revezamento caiu,
nesses 16 anos, de 14,1% para
9,7%. Por transporte público, a
queda foi de 5,1% para 4,7%. De
bicicleta ou a pé, houve uma redução de 5% para 3,5%.
Consequência direta da preferência que demonstram pelos
carros, os americanos ficam cada
vez mais tempo parados em congestionamentos nas estradas. De
sete horas por ano em 1982, a média pulou para 36 horas em 2000.
Saída da toca
Historicamente, os americanos
usam mais os veículos no verão,
que começa em junho no hemisfério norte. Os analistas chamam
o período de "driving season" -a
época em que os motoristas saem
para passear de carro após ficarem confinados pelo inverno.
É bem mais que uma curiosidade de costumes: a "driving season" é apontada como um importante fator de pressão nos preços
do petróleo internacional, já que
aumenta a demanda americana
por gasolina.
Segundo indica a Alliance of
Automobile Manufacturers, associação da indústria automobilística, forte razão para o gosto dos
americanos pelos carros é o preço
da gasolina, mais baixo do que no
resto do mundo. Nos EUA, o litro
do tipo premium vale em média
US$ 0,48. Na Europa, US$ 0,99; no
Japão, o litro sai em média por
US$ 0,85.
Mas enquanto a indústria automobilística aponta o dedo para a
política de combustíveis do governo, o governo mira na própria
indústria automobilística.
A agência ambiental dos Estados Unidos considera que há
pouca preocupação dos fabricantes com a questão do consumo.
"A tecnologia tem sido usada, por
exemplo, para aumentar a aceleração dos veículos, enquanto a
economia de combustível não
tem melhorado", afirma a agência, em relatório.
Seu levantamento mostra que,
nesses 22 anos em que a eficiência
no consumo de combustível se
manteve estagnada, os veículos ficaram, em média, 24% mais pesados, com 93% mais potência e
29% mais aceleração.
Ainda que minúscula, a entidade projeta melhora do consumo
neste ano, o que só será confirmado no próximo relatório, a depender das vendas deste ano -ou seja, das preferências que os consumidores americanos demonstrarem no balcão.
(RD)
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