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São Paulo, domingo, 11 de maio de 2003

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TANQUE SEM FUNDO

Número de pessoas que vai de automóvel para o trabalho aumenta, mas eficiência no consumo, não

Americanos andam cada vez mais de carro

DE NOVA YORK

Enquanto os índices de consumo de combustível de seus veículos pioram, os americanos usam cada vez mais os automóveis.
Em 1980, após as duas primeiras grandes crises do petróleo, um veículo nos EUA andava em média 14,7 mil quilômetros num ano. No último levantamento do Departamento de Transporte dos Estados Unidos, feito em 2001, a média passou para 18,9 mil quilômetros por ano.
O número, compara a associação dos fabricantes, é bem maior que o de outros países. No Japão, a média fica em torno de 9.700 quilômetros anuais. Na França, um pouco mais, 14.500 km.
Outro levantamento, também do governo, ajuda a detalhar como os americanos gostam cada vez mais de andar de carro.

Unanimidade nacional
A pesquisa é sobre o meio de transporte utilizado pelas pessoas para ir ao trabalho. Em 1985, 72,4% dos entrevistados iam trabalhar dirigindo o próprio carro. Em 2001, o número, após crescer seguidamente, pulou para 78,2%.
Por outro lado, cada vez menos gente utiliza outros tipos de meios de transporte.
Por exemplo: a parcela da população que vai trabalhar em esquema de carona/revezamento caiu, nesses 16 anos, de 14,1% para 9,7%. Por transporte público, a queda foi de 5,1% para 4,7%. De bicicleta ou a pé, houve uma redução de 5% para 3,5%.
Consequência direta da preferência que demonstram pelos carros, os americanos ficam cada vez mais tempo parados em congestionamentos nas estradas. De sete horas por ano em 1982, a média pulou para 36 horas em 2000.

Saída da toca
Historicamente, os americanos usam mais os veículos no verão, que começa em junho no hemisfério norte. Os analistas chamam o período de "driving season" -a época em que os motoristas saem para passear de carro após ficarem confinados pelo inverno.
É bem mais que uma curiosidade de costumes: a "driving season" é apontada como um importante fator de pressão nos preços do petróleo internacional, já que aumenta a demanda americana por gasolina.
Segundo indica a Alliance of Automobile Manufacturers, associação da indústria automobilística, forte razão para o gosto dos americanos pelos carros é o preço da gasolina, mais baixo do que no resto do mundo. Nos EUA, o litro do tipo premium vale em média US$ 0,48. Na Europa, US$ 0,99; no Japão, o litro sai em média por US$ 0,85.
Mas enquanto a indústria automobilística aponta o dedo para a política de combustíveis do governo, o governo mira na própria indústria automobilística.
A agência ambiental dos Estados Unidos considera que há pouca preocupação dos fabricantes com a questão do consumo. "A tecnologia tem sido usada, por exemplo, para aumentar a aceleração dos veículos, enquanto a economia de combustível não tem melhorado", afirma a agência, em relatório.
Seu levantamento mostra que, nesses 22 anos em que a eficiência no consumo de combustível se manteve estagnada, os veículos ficaram, em média, 24% mais pesados, com 93% mais potência e 29% mais aceleração.
Ainda que minúscula, a entidade projeta melhora do consumo neste ano, o que só será confirmado no próximo relatório, a depender das vendas deste ano -ou seja, das preferências que os consumidores americanos demonstrarem no balcão. (RD)


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