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Para economistas, exportações crescem
CÍNTIA CARDOSO
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O bom desempenho da balança
comercial nos últimos dois meses
foi mais do que um efeito temporário da alta do dólar. Para economistas, os resultados recentes são
um sinal de que as exportações
brasileiras finalmente começam a
deslanchar, depois das repetidas
frustrações dos últimos três anos.
"Ninguém começa a exportar
carros da noite para o dia só porque o dólar ficou bom. Isso pode
valer para soja, mas não para manufaturados", diz Alexandre
Schwartsman, economista-chefe
da BBA Corretora, que elevou sua
projeção de superávit de US$ 4,7
bilhões para US$ 7 bilhões em
2002 e espera saldo positivo de
US$ 10 bilhões em 2003.
Segundo o economista, o dólar
alto certamente favorece alguns
setores. Porém o desempenho recente da balança comercial -que
acumulava até julho saldo anual
de US$ 4,1 bilhões- é também
consequência do amadurecimento de investimentos feitos depois
da mudança do regime cambial,
em janeiro de 1999. É o caso dos
setores de eletrônicos e de equipamentos de transporte.
Isso tem feito com que as exportações -apesar de estarem abaixo dos níveis registrados em
2001- tenham caído muito menos que as importações neste ano.
A economista-chefe do BES Securities, Sandra Utsumi, concorda. Segundo ela, o desempenho
favorável da balança em julho e
neste mês pode ser atribuído às
desvalorizações do real desde
1999: "As consequências da desvalorização para a balança comercial não são imediatas. Os impactos da recente alta do dólar só serão sentidos nos próximos anos".
A recente recuperação das importações de mercados significativos para o Brasil -como Estados Unidos, Chile e Canadá-
também tem colaborado.
Com tudo isso, as exportações
brasileiras até que vão bem se
comparadas às do resto do mundo. Segundo dados do BBV Banco, as exportações dos principais
países -que respondem por 80%
do comércio mundial- caíram
de 10% a 15% no primeiro semestre deste ano. As do Brasil tiveram
retração menor, de 7,9%. E, se a
Argentina for desconsiderada, a
queda é de apenas 1,6%.
Novos mercados
Para Roberto Iglesias, secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, a
conquista de novos destinos de
exportações, como China, Oriente Médio e África, explica, em parte, o incremento nas vendas de
carnes e frango brasileiros.
Segundo Utsumi, produtos siderúrgicos também estão sendo
mais exportados graças à incorporação de novos mercados importadores. Esse processo deve
contribuir significativamente para o crescimento das exportações
nos próximos meses.
Até uma modesta recuperação
das combalidas importações argentinas nos últimos dois meses
interrompeu um período de 18
meses consecutivos de queda nas
vendas para o país vizinho.
O otimismo, entretanto, não é
consenso. "A performance da balança comercial na primeira semana deste mês é reflexo do crescimento excepcional do saldo em
julho. No entanto os resultados
positivos são apenas espasmos e
não uma tendência", afirma Fernando Ribeiro, economista da
Funcex (Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior).
De acordo com José Augusto de
Castro, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do
Brasil), a recuperação recente das
exportações deve ser atribuída
apenas ao fim da greve na Receita
Federal e à alta do dólar.
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