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Mercado prevê fortalecimento do dólar
Com alta da moeda americana pelo mundo e deterioração das contas externas do Brasil, especialistas apontam cenário incerto no câmbio
Movimento recente de alta do dólar "veio para ficar", diz economista, que prevê depreciação do real "pelos próximos dois ou três anos"
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O banco suíço UBS encerrou
recomendação em investimentos em reais e passou a uma posição que definiu como "neutra". O fortalecimento do dólar
nos mercados globais e a deterioração da conta corrente do
país tornam a moeda brasileira
mais vulnerável, segundo Paulo
Tenani, analista-chefe do UBS
Wealth Management.
"Encerramos nossa recomendação de longa data para o
real. Os retornos seguem muito
generosos, porém, os riscos aumentam com demasiada rapidez", afirma Tenani, um dos
primeiros analistas a apostar
que o movimento de alta do
real se acentuaria, quando ele
ainda era incipiente.
O estrategista-chefe do banco UBS considera que a tendência para o real não está mais tão
clara como no passado.
"Os fundamentos apontam
para diferentes sentidos", diz
Tenani. O banco, entretanto,
não espera uma imediata mudança de cenário: as taxas projetadas são de dólar a R$ 1,60
em três meses e a R$ 1, 70 em
seis meses e em um ano.
O dólar fechou a R$ 1,609 na
sexta, quando subiu 1,07%. Na
última semana, a moeda americana acumulou alta de 3,21%.
Taxa de juros
A favor de uma moeda doméstica mais forte há os altos
juros no Brasil, que estão em
13%. "As taxas de juros ainda
dão sustentação ao real. Elas
mais que compensam o investidor disposto a assumir o risco
cambial", diz o analista. "Mas a
conta corrente do Brasil está
entrando em território negativo e se deteriora muito rapidamente", acrescenta.
Nos últimos 12 meses, a conta corrente registrou uma variação de 2,44% do PIB (Produto Interno Bruto) -de superávit de 1,12% do PIB em junho de
2007 para déficit de 1,32% do
PIB em igual mês deste ano.
Para Tenani, será preocupante o cenário para a moeda
brasileira depois que o BC parar de subir os juros, se a situação da conta corrente piorar
ainda mais. "A única força que
sustentará o real serão as reservas internacionais do BC."
Reservas internacionais
"Não devemos olhar para os
"famosos" US$ 200 bilhões de
reservas e achar que estamos
tranqüilos", diz Marcelo Ribeiro, da Pentágono Asset Management. Ele cita estudo do BIS
(Banco para Compensações Internacionais) que afirma que o
par de moedas real-dólar já é o
segundo mais negociado no
mundo, com volume financeiro
de US$ 900 bilhões, abaixo apenas do par euro-dólar, com US$
1,7 trilhão, e acima do iene-dólar, com US$ 700 bilhões.
As contas externas brasileiras deverão se deteriorar pelos
mesmos motivos que estão beneficiando os Estados Unidos:
menor preço para as commodities, menores volumes exportados, menores fluxos para as
aplicações e possibilidade de
ocorrerem menos investimentos diretos no curto prazo.
Para Ribeiro, a tendência de
alta do dólar é global "e veio para ficar". "As aplicações também estão migrando dos emergentes para a Bolsa norte-americana. O real está vulnerável e
vai se depreciar pelos próximos
dois ou três anos", afirma.
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