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Mantega eleva previsão para a faixa de 5% para 5,5% no ano
JULIANNA SOFIA
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem
que o bom desempenho da economia no primeiro semestre
superou as expectativas do governo, levando a uma reestimativa oficial de crescimento do
PIB (Produto Interno Bruto)
deste ano de 5% para até 5,5%.
"Estávamos esperando 5%,
mas o crescimento veio um
pouco mais forte e vamos terminar o ano com um crescimento parecido com o do ano
passado [5,4%]. É um crescimento com qualidade, qualidade maior que em outros períodos", disse Mantega.
O ministro lembrou que as
mais recentes projeções do
mercado para a inflação neste
ano é de 6,27%. "Mais uma vez
a população brasileira vai ter
um excelente Natal", disse.
Por meio de sua assessoria de
imprensa, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que o resultado do
PIB "renova o diagnóstico de
que o Brasil vive hoje um ciclo
sustentado de crescimento, alicerçado na opção pela estabilidade de preços".
Meirelles e Mantega destacaram ainda a elevação do nível
de investimento.
"A Formação Bruta de Capital Fixo [investimentos] veio
quase três vezes o crescimento
do PIB. É um bom indicador",
afirmou Mantega.
Numa defesa da política de
elevação dos juros que o BC
vem adotando, Meirelles afirmou que o crescimento do investimento confirma "claramente os benefícios da estabilidade e da previsibilidade".
Já o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, preferiu destacar que o resultado do
PIB no segundo trimestre vai
garantir um crescimento da
economia acima dos 4,5% projetados para 2009. Para ele, é
como se a economia viesse num
ritmo tão embalado que, mesmo o pé no freio imposto pelo
BC, não faria diferença.
"Os 4,5% teremos com certeza, mas pode ser que tenhamos
mais", disse Bernardo.
A opinião do ministro é compartilhada pelo presidente do
BNDES, Luciano Coutinho.
"Temos condições de pensar
em crescimento de 5% olhando
para o futuro. Este ano, deverá
ser 5,5% e um pouco abaixo disso em 2009. Tendencialmente,
o crescimento brasileiro é de
5% e poderá ficar um pouco
maior", disse.
Acomodação do consumo
Mantega disse ainda que os
dados divulgados ontem mostram uma acomodação no consumo das famílias, depois de ter
alcançado 8,7% no último trimestre de 2007.
O elevado gasto das famílias,
enfatizou o ministro, vinha
preocupando o governo por ser
uma fonte de pressão sobre a
inflação. Da mesma forma,
houve queda no consumo do
setor público.
Setorialmente, Mantega afirmou que o maior crescimento
foi o da agricultura, aproveitando os bons preços dos produtos
agrícolas.
"Os dados são deflacionados,
ou seja, foi aumento da produção", afirmou o ministro. Ele
acrescentou que o papel da
construção civil também foi de
destaque, tendo efeitos ainda
sobre o nível de empregos, já
que se trata de setor intensivo
de mão-de-obra.
De acordo com as análises do
Ministério da Fazenda, o crescimento de até 5,5% neste ano
já incorpora os efeitos da elevação dos juros pelo Banco Central. "Significa que vamos ter
alguma desaceleração do crescimento no segundo semestre,
mas algo modesto", afirmou
Mantega.
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