São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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Mantega eleva previsão para a faixa de 5% para 5,5% no ano

JULIANNA SOFIA
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que o bom desempenho da economia no primeiro semestre superou as expectativas do governo, levando a uma reestimativa oficial de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano de 5% para até 5,5%.
"Estávamos esperando 5%, mas o crescimento veio um pouco mais forte e vamos terminar o ano com um crescimento parecido com o do ano passado [5,4%]. É um crescimento com qualidade, qualidade maior que em outros períodos", disse Mantega.
O ministro lembrou que as mais recentes projeções do mercado para a inflação neste ano é de 6,27%. "Mais uma vez a população brasileira vai ter um excelente Natal", disse.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que o resultado do PIB "renova o diagnóstico de que o Brasil vive hoje um ciclo sustentado de crescimento, alicerçado na opção pela estabilidade de preços".
Meirelles e Mantega destacaram ainda a elevação do nível de investimento.
"A Formação Bruta de Capital Fixo [investimentos] veio quase três vezes o crescimento do PIB. É um bom indicador", afirmou Mantega.
Numa defesa da política de elevação dos juros que o BC vem adotando, Meirelles afirmou que o crescimento do investimento confirma "claramente os benefícios da estabilidade e da previsibilidade".
Já o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, preferiu destacar que o resultado do PIB no segundo trimestre vai garantir um crescimento da economia acima dos 4,5% projetados para 2009. Para ele, é como se a economia viesse num ritmo tão embalado que, mesmo o pé no freio imposto pelo BC, não faria diferença.
"Os 4,5% teremos com certeza, mas pode ser que tenhamos mais", disse Bernardo.
A opinião do ministro é compartilhada pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho. "Temos condições de pensar em crescimento de 5% olhando para o futuro. Este ano, deverá ser 5,5% e um pouco abaixo disso em 2009. Tendencialmente, o crescimento brasileiro é de 5% e poderá ficar um pouco maior", disse.

Acomodação do consumo
Mantega disse ainda que os dados divulgados ontem mostram uma acomodação no consumo das famílias, depois de ter alcançado 8,7% no último trimestre de 2007.
O elevado gasto das famílias, enfatizou o ministro, vinha preocupando o governo por ser uma fonte de pressão sobre a inflação. Da mesma forma, houve queda no consumo do setor público.
Setorialmente, Mantega afirmou que o maior crescimento foi o da agricultura, aproveitando os bons preços dos produtos agrícolas.
"Os dados são deflacionados, ou seja, foi aumento da produção", afirmou o ministro. Ele acrescentou que o papel da construção civil também foi de destaque, tendo efeitos ainda sobre o nível de empregos, já que se trata de setor intensivo de mão-de-obra.
De acordo com as análises do Ministério da Fazenda, o crescimento de até 5,5% neste ano já incorpora os efeitos da elevação dos juros pelo Banco Central. "Significa que vamos ter alguma desaceleração do crescimento no segundo semestre, mas algo modesto", afirmou Mantega.


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