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Indústria e varejo prevêem desaceleração
Avaliação é que enfraquecimento da economia mundial tenda a influenciar no PIB brasileiro neste segundo semestre
Exportações devem refletir retração extração, e juros em alta devem apresentar impacto negativo no mercado doméstico
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O desempenho da economia
brasileira neste semestre será
mais fraco do que o registrado
de janeiro e junho deste ano,
quando o PIB (Produto Interno
Bruto) brasileiro cresceu 6%
ante igual período de 2007.
Produção e vendas ainda
crescem na comparação com
2007, mas não mais a taxas ao
redor de 30%, como alguns setores chegaram a registrar.
O enfraquecimento da economia mundial, principalmente a dos Estados Unidos, deve
atingir empresas exportadoras.
E a elevação dos juros deve ter
impacto negativo nas vendas de
carros, televisores e geladeiras,
na avaliação de representantes
da indústria e do comércio.
Um dos principais termômetros da economia, a produção
de carros caiu 1% em agosto em
relação a julho. E as vendas totais no mercado interno diminuíram 15,1%, no período, segundo a Anfavea, associação
dos fabricantes de veículos.
"Não há dúvida, o mercado interno está mais fraco", afirma
Fabio Silveira, sócio-diretor da
RC Consultores.
Pode ser, na avaliação de Silveira, que os consumidores tenham antecipado a compra de
veículos e de eletroeletrônicos
por conta da expectativa de alta
de juros e de preços. "Mas o fato
é que a desaceleração nas vendas de carros foi forte. E a expectativa é que o consumidor
fique ainda mais cauteloso até o
final do ano, já que os juros tendem a subir e ter maior peso no
valor das prestações", afirma.
Freio puxado
O fluxo de veículos nas rodovias caiu 1,6% em agosto em relação a julho, mais um sinal da
desaceleração, diz a ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias). Em relação a agosto de 2007, houve
crescimento de 5,4%. Para
Cláudia Oshiro, economista da
Tendências, a queda reflete desaceleração na produção industrial e do agronegócio.
Os setores de máquinas e
equipamentos e de eletrodoméstico também já registram
taxas de crescimento menores.
"Setores que foram carro-chefe
da produção industrial mostram desaceleração, como de o
de eletrodomésticos, o de eletrônicos e o de equipamentos
para informática", diz Júlio Gomes de Almeida, assessor econômico do Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial), que reúne
cerca de 50 grupos industriais.
A indústria de embalagens,
outro indicador importante,
tem desempenho abaixo do esperado, diz Paulo Peres, presidente da ABPO, associação dos
fabricantes. Em agosto, a indústria do setor vendeu 1,09%
mais do que em igual período
do ano passado. De janeiro a
agosto, a alta foi de 0,96% sobre
igual igual período de 2007.
"O nosso setor está mais ligado à indústria de não-duráveis,
que não cresceu muito. O bom é
que a desaceleração nas vendas
dos setores que mais atendemos também não será tão acentuada, o que significa que devemos vender neste ano de 1,5% a
2% mais do que no ano passado,
quando cresceremos 3,5% sobre 2007", afirma Peres.
Paulo Francini, diretor da
Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo),
diz que julho e agosto foram
meses bons para a indústria
paulista e que, neste semestre,
deve haver acomodação do ritmo de atividade. Para a Fiesp, o
PIB no terceiro trimestre deve
crescer 4,9% e, no quarto trimestre, de 4,5%, na comparação com igual período ano passado. "Mas estamos elevando a
nossa projeção de PIB para este
ano de 4,8% para 5,2%", diz.
Clara desaceleração
Na avaliação de Braulio Borges, economista da LCA Consultores, há mais clareza de que
a economia está em processo
de desaceleração. Para ele, a
produção industrial em agosto
deve ter caído 1% em relação a
julho, apesar de ter crescido
cerca de 2% sobre agosto de
2007. "O último trimestre deste ano e o primeiro trimestre de
2009 serão os períodos mais
fracos de atividade econômica,
como reflexo da alta dos juros."
Sondagem Econômica da
América Latina feita por um
instituto alemão em parceria
com a FGV (Fundação Getulio
Vargas) mostra que o Brasil entra em fase de "contração do ciclo econômico". As condições
econômicas são "satisfatórias"
e serão "ruins" em seis meses,
segundo a sondagem.
A Associação Comercial de
São Paulo (ACSP) detecta em
julho e agosto uma redução nas
compras à vista. Já a Fecomercio apurou queda nas vendas
reais dos supermercados em
julho na comparação com o
mesmo mês de 2007.
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