|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Indústria elogia PIB, mas pede menos juros
DA REPORTAGEM LOCAL
Trabalhadores e entidades ligadas ao setor produtivo expressaram satisfação quanto ao
crescimento do PIB, mas apontaram a alta dos juros e a carga
tributária como fatores que poderão limitar o desempenho da
economia no futuro.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), Paulo Skaf, manteve tom crítico em relação ao
peso dos impostos. "O PIB
cresceu 6,1%, o que é positivo.
Mas a arrecadação cresceu
8,5%, mais do que o PIB, o que é
negativo." Após o anúncio da
alta na taxa básica de juros, a
Fiesp emitiu nota na qual qualifica como "grave erro" a decisão do Copom. "[O] Banco Central persiste no erro de comprometer o futuro do Brasil."
Já a CNI (Confederação Nacional da Indústria), que classificara como "muito positivo" o
desempenho da economia no
segundo trimestre, divulgou
nova nota à noite para afirmar
que o aumento na Selic "é excessivo, impõe custos desnecessários à sociedade".
Para Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial
de São Paulo, o segundo trimestre não sofreu o impacto do
aperto monetário iniciado em
abril. Mas ele prevê desaceleração nos próximos meses. "Esperamos um resultado favorável, mas menos exuberante do
que vimos agora."
Trabalhadores
As centrais sindicais comemoraram o crescimento do
PIB, mas também manifestaram receio quanto ao desempenho futuro da economia diante
do aperto monetário.
Para o presidente da CUT,
Artur Henrique, ao elevar os juros, o BC pretende "frear o ritmo" do crescimento.
Já o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o
Paulinho, afirmou, também
por meio de nota, que o aumento da Selic é "desproporcional
às expectativas de disparada da
taxa inflacionária". Segundo
ele, a alta dos preços ocorreu
em razão da redução da oferta,
e não de demanda excessiva.
"Para os trabalhadores, o
crescimento da economia é primordial para a geração de empregos, para conquistar reajuste salariais maiores", disse João
Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força Sindical.
"Mas fico até com receio de
externar minha satisfação, porque toda vez que o PIB sobe o
Banco Central se apressa em
aumentar a taxa Selic para conter a demanda."
Heleno Bezerra, presidente
do Sindicato dos Metalúrgicos
de São Paulo, diz que "o crescimento de 6% do PIB no semestre derruba o argumento dos
empresários de que a produção
está começando a decrescer e
comprova que a economia continua se fortalecendo. A riqueza
que está sendo gerada no país
precisa ser repartida com os
trabalhadores, que também são
responsáveis por ela".
A UGT (União Geral dos Trabalhadores) mostrou-se satisfeita com a alta do PIB, especialmente porque ela acarretará melhora na educação e na
saúde. Apesar disso, não vê motivos para comemorações. Segundo Ricardo Patah, presidente da UGT, existe uma preocupação com a taxa de juros,
que reduz a atividade econômica e o consumo.
Texto Anterior: Dividido, BC sobe juro em mais 0,75 ponto Próximo Texto: Desaceleração da inflação perde força neste mês Índice
|