|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Economistas mostram preocupação com déficit maior nas contas externas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento do déficit em
contas externas poderá trazer
de volta a fragilidade do Brasil
diante de crises internacionais
como a atual, deflagrada no
mercado de financiamento
imobiliário dos Estados Unidos. Essa é uma preocupação
da economista Maria da Conceição Tavares e do representante do Brasil no FMI (Fundo
Monetário Internacional),
Paulo Nogueira Batista Jr., que
participaram ontem do último
dia do seminário em homenagem aos 200 anos do Ministério da Fazenda, em Brasília.
"No Brasil, a balança comercial continua superavitária e as
reservas internacionais estão
muito altas. Por isso, a posição
não é frágil no curto e no médio
prazo. O problema é a velocidade de deterioração. Temos que
evitar a valorização excessiva
do câmbio [queda da cotação do
dólar]", afirmou Nogueira Batista.
O economista alertou de que
o aumento dos fluxos internacionais de capital é uma fonte
de riscos para todos os países.
"Cresceu muito a importância
desses movimentos de capitais
pelo mundo. Na semana passada, por causa da turbulência externa, até a Coréia do Sul sofreu. E este é um dos mercados
mais sólidos do mundo", disse o
representante do Brasil no
FMI.
Conceição Tavares concorda
que uma nova crise no balanço
de pagamentos poderá "quebrar o Brasil".
"A crise do balanço de pagamentos, sim, quebra o Brasil. A
última que tivemos foi decorrente da política do Fernando
Henrique [Cardoso], o que,
aliás, o [Pedro] Malan não reconheceu ontem [anteontem]",
disse a economista.
Crítica ao BC
A crise internacional e a desvalorização do dólar uniu as
opiniões dos economistas Yo-
shiaki Nakano, diretor da Escola de Economia da FGV (Fundação Getulio Vargas, de São
Paulo), e Conceição Tavares,
que alertaram ontem para os
perigos da valorização do real.
Nakano, economista ligado
ao PSDB, aproveitou a palestra
para criticar a política de juros
do Banco Central.
"Vestido de roupa nova, o BC
é uma das instituições do atraso", afirmou.
Para ele, a política monetária
e cambial do BC historicamente atende "às elites rentistas do
Brasil" e essa dinâmica ainda
não mudou. "Os juros altos e o
câmbio apreciado são uma velha tragédia brasileira. É o
oposto do que estimula a produção", disse Nakano.
Texto Anterior: UE espera recessão em 3 países do bloco Próximo Texto: Frase Índice
|