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Brascan compra Company por R$ 200 mi
Aquisição marca movimento acelerado de consolidação do setor imobiliário e cria uma das maiores empresas da área
Company tinha dificuldades
de crédito e viu ações caírem
mais de 40% no ano; papéis
valerão menos, mas, para
analista, acionista ganha
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo Brascan anunciou
ontem a compra da construtora
Company e a conseqüente formação de uma das três maiores
empresas imobiliárias no país.
O setor está passando por um
processo de consolidação, acelerado nas últimas semanas em
razão da queda no valor das
ações das companhias da área.
"Há mais de 20 empresas do
segmento imobiliário listadas
na Bovespa [Bolsa de Valores
de São Paulo], enquanto que,
nos países desenvolvidos, o número não passa de 6 a 8", afirma Fabiana Fakhoury, diretora
da consultoria Alvarez & Marsal. "O processo de consolidação será forte e rápido."
A compra da Company envolveu um complexo esquema
de troca de ações entre as empresas, com a criação, inclusive,
de uma subsidiária da Brascan
que será reincorporada imediatamente ao grupo. Pelo acordo,
a Brascan pagará R$ 200 milhões aos acionistas da Company, sendo que cada ação
Company valerá R$ 2,775 mais
1,0690 ação da Brascan.
Pelas contas da Alvarez &
Marsal, o acionista da Company, cuja ação valia R$ 10,07
na quarta-feira, receberia R$
9,1915 por ação. Com a queda
de 11,61% no valor dos papéis da
empresa ontem, as perdas seriam ainda maiores.
Mesmo assim, diz Fakhoury,
o acionista deve ser beneficiado
com a aquisição. Isso porque as
ações da Company caíram mais
de 40% desde janeiro, e a construtora enfrentava problemas.
Sem crédito
"A Company estava com dificuldades há algum tempo para
obter crédito", diz Fakhoury.
"A velocidade de vendas não foi
tão alta quanto tinham projetado e prometido ao mercado,
que puniu a empresa [com a
queda no valor dos papéis]."
A situação é comum a diversas construtoras que abriram
capital, usaram o dinheiro para
comprar terrenos e contavam
com o mercado acionário para
fazer novas emissões de papéis
e financiar também a construção. Com a crise nas Bolsas, as
empresas ficaram sem dinheiro para tocar as obras.
A criação de uma das maiores
companhias do setor deverá reverter o quadro de dificuldades,
na expectativa dos controladores. "O mercado vai perceber
que a empresa combinada vale
muito mais por ser maior, melhor, estar num dos maiores
mercados brasileiros [São Paulo] e ter capacidade de crescimento", afirma Nicholas Reade, presidente da Brascan.
Apesar de a Brascan ser
maior em lançamentos, vendas, receita e, principalmente,
lucro operacional e líquido do
que a Company, os papéis do
grupo valiam quase metade dos
da construtora. "A ação da
Brascan vai ser mais atrativa, o
que se refletirá em seu valor
econômico", diz Reade. "Teremos outro tipo de liquidez, e o
desconto de 30% a 40% que o
mercado dá aos papéis hoje não
será aplicado."
Além disso, de acordo com
Reade, a empresa ganhará sinergia na negociação com fornecedores, e o banco de terrenos das duas empresas combinado, de R$ 17 bilhões, permitirá melhor gestão de risco e de
alavancagem da capacidade de
construção.
Combinados os números, a
nova empresa teria feito lançamentos no valor de R$ 1,9 bilhão e teria vendas contratadas
de R$ 1,3 bilhão em 2007. A
margem de lucro operacional
medido pelo Ebtida (lucro antes de impostos juros e depreciação) seria de 30% e, a de lucro líquido, de 25%. A empresa
discute se a marca Company
será mantida. Após a conclusão
da transação, as ações da Company deixarão de ser listadas.
Após a aquisição, que deve
ser concluída no fim de outubro, a empresa terá caixa de
quase R$ 500 milhões e recebíveis de R$ 600 milhões, até o
fim de 2009. Segundo os executivos, ela tem financiamentos
contratados para todas as obras
lançadas e acordos similares
previstos para os lançamentos.
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