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FINANÇAS
Mercado acena com folga ao novo governo, mas cobra austeridade
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado financeiro promete
ser leniente com o governo Lula
neste início. Mas com uma ressalva nada desprezível: a equipe econômica terá de provar que o discurso de austeridade monetária e
fiscal se concretizará na prática.
Esse será o maior desafio ao governo no setor financeiro, que
não costuma perdoar mudanças
severas no receituário ortodoxo.
A primeira prova de fogo será a
próxima reunião do Copom, nos
dias 21 e 22 deste mês. O mercado
estará atento aos sinais de compromisso com a estabilidade.
Isso não significa que espera novo aumento dos juros anuais -
hoje em 25%-, mas também não
há expectativa de queda da taxa.
"O mercado quer ver se o novo
governo está realmente preocupado com a inflação", diz Carlos
Cintra, gerente do Banco Prosper.
Isso implica não reduzir agora
os juros para reativar a economia.
O manejo da dívida pública
também promete dar trabalho ao
novo governo. A grande dúvida
do mercado é em relação aos leilões de títulos cambiais.
O governo tem duas opções. Pode começar a rolar parcialmente o
total de títulos que vencem, o que
ajudaria a retirar o excesso de dólar do mercado e a diminuir a parcela de 37,68% da dívida que é afetada pela variação cambial.
O risco é que o enxugamento de
dólares no mercado abra espaço
para sua disparada em caso de
nervosismo financeiro.
A outra opção é tentar renovar
100% da dívida cambial. O diretor
de política monetária do BC, Luiz
Fernando Figueiredo, anunciou
na semana passada que seguirá
esse caminho por enquanto.
Isso tende a evitar uma forte retirada de dólares do mercado e
contribuir para que sua cotação
continue caindo -o que colaboraria para o recuo da inflação.
"O BC provavelmente ainda
não está confortável com o dólar
nesse nível. Mas isso não quer dizer que aceitará qualquer taxa nos
leilões", diz Glauco Cavalcanti, diretor do CSFB Garantia.
A vantagem do governo é que o
volume de títulos que vencem no
primeiro trimestre não é considerado preocupante.
"O Brasil ainda passa por um
processo de ajuste estrutural. Depende da realização de reformas e
de acesso ao mercado externo",
afirma Nicola Tingas, economista-chefe do WestLB.
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