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Espanhóis detêm 80% do ganho da Telefônica
DA REPORTAGEM LOCAL
No setor de telecomunicações o
processo de endividamento e engorda do caixa do controlador foi
mais acentuado na Telefônica,
controlada pela Telefónica de Espanha. O endividamento saltou
de R$ 795 milhões, em 1998,
quando foi privatizada, para R$ 4
bilhões no ano passado.
Já o pagamento de lucros e dividendos feito pela empresa foi
sempre constante, na casa de R$ 1
bilhão ao ano, segundo dados da
Economática. Vale lembrar que
quanto maior o número de ações
em poder do controlador, maior é
sua fatia na hora de distribuir lucros e dividendos.
A Telefônica desde o começo
armou seu tabuleiro para obter
rapidamente o retorno do investimento. Tanto que por meio da
troca de ações da Telesp por
BDRs (Brazilian Depositary Receipts) da Telefónica de Espanha
os controladores acabaram ficando com 86,3% do capital da empresa. Hoje só 13,7% das ações estão no mercado. BDRs são recibos
de empresas estrangeiras negociados na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
Em valores absolutos a Telefônica está recebendo R$ 860 milhões do R$ 1 bilhão de dividendos distribuídos sobre o resultado
do ano passado. Mas segundo
analistas do setor, a empresa é exceção, já que as demais companhias têm suas ações pulverizadas
no mercado. Procurada pela Folha, a Telefônica não se manifestou.
Segundo um analista do setor, a
maioria das empresas de telecomunicações tem 70% de suas
ações em Bolsa. Por isso, esses
analistas dizem não acreditar que
seus controladores estejam recebendo muito dinheiro na forma
de lucros e dividendos.
Mas Alberto Borges Matias, diretor da ABM Consulting, lembra
que uma forma de as empresas internacionais, que controlam essas
companhias, se apropriarem de
lucro é por meio de pagamento de
juros sobre empréstimos negociados pelas suas matrizes.
"Uma forma de ocultar a remessa de lucros é por meio do pagamento de juros sobre a dívida",
diz ele. " Mas isso é muito difícil
de ser identificado apenas com
base nos balanços das empresas",
acrescenta.
(SB)
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