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MERCADOS E SERVIÇOS
Conclusão é de uma tese de professor da FGV-SP com base no conceito de Valor Econômico Criado
Só 5 empresas dão retorno a acionista no Real
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
Apenas cinco empresas de capital aberto criaram valor para seus
acionistas entre os anos de 1995 e
2000 -os cinco primeiros do Plano Real. A conclusão é válida se
aplicada à contabilidade das companhias o conceito de VEC (Valor
Econômico Criado), utilizado pelo professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP)
Oscar Malvessi.
Esse conceito define que uma
empresa gera valor para seus
acionistas ou sócios quando seu
lucro operacional, descontado o
Imposto de Renda, supera o custo
médio ponderado do capital. Dessa média, faz parte o custo de capital ou de oportunidade do acionista. Normalmente, esse custo
não é lançado na contabilidade
das empresas -apenas o custo de
capital dos empréstimos tomados
de terceiros é levado em conta.
Nos primeiros anos do Real, utilizando esse conceito, apenas
Souza Cruz, AmBev, Weg (motores), Distribuidora Ipiranga e Globex (varejo) geraram valor para
seus acionistas.
O estudo é uma atualização da
tese de doutorado do professor
Malvessi. Quando ele finalizou o
trabalho pela primeira vez, ele
compreendia os anos de 1993 a
1998. Naquela ocasião, nove empresas apareceram como geradoras de valor: TAM, Petróleo Ipiranga, Souza Cruz, Brahma, Globex, Weg, Distribuidora Ipiranga,
Arno e Multibrás.
Do estudo original, 62 empresas
foram incluídas. De lá até agora,
seis delas fecharam o capital e outras duas entraram em concordata. Assim, na atualização, foram
pesquisadas 54 companhias.
Apesar de o número de empresas que geram valor a seus acionistas ter caído de nove para cinco, o montante gerado permaneceu próximo à estabilidade.
Entre os anos de 93 e 98, foram
gerados R$ 2,6 bilhões. De 95 a
2000, esse valor foi de R$ 2,4 bilhões. Desse total, a maior parte,
R$ 1,935 bilhão, foi gerado pela
Souza Cruz. Em seguida vêm AmBev, com R$ 228 milhões, Weg,
com R$ 183 milhões, Distribuidora Ipiranga, com R$ 45 milhões, e
Globex, com R$ 7 milhões.
Em termos percentuais, na primeira versão do trabalho, 14,5%
das empresas criaram valor a seus
acionistas. Na recente atualização,
esse percentual cai para 9,2%.
Na avaliação de Malvessi, se forem levadas em conta as turbulências dos cinco primeiros anos
do Real, como as crises na Ásia e
na Rússia e a desvalorização do
real, em 99, o resultado é positivo.
As empresas que tiveram o pior
desempenho são do setor de siderurgia, como CSN, Usiminas e
Companhia Siderúrgica de Tubarão, que ainda mantêm "uma herança estatal", diz o professor.
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