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Nem pré-sal salva empresa de derretimento na Bolsa
Valor de mercado da Petrobras é o menor desde 2007
DA SUCURSAL DO RIO
Nem mesmo as promissoras
descobertas do pré-sal evitaram o fraco desempenho das
ações da Petrobras neste ano,
castigadas pela queda recente
do preço do petróleo e pela
aversão ao risco por parte de investidores estrangeiros.
Desde janeiro ao último dia 8
deste mês, os papéis ordinários
da companhia amargam uma
perda acumulada de 21,5%, segundo dados da consultoria
Economática. No mesmo período, as ações preferenciais da
estatal caíram 23,6%. As ações
tiveram desempenho pior do
que o principal índice da Bolsa,
o Ibovespa, que registra desvalorização de 11,4% no acumulado de janeiro até a última sexta.
Diante das perdas, o valor de
mercado da companhia derreteu nos últimos dois meses.
Após atingir o pico de R$ 472,5
bilhões ao final de maio, a capitalização em Bolsa da estatal
caiu para R$ 332,2 bilhões em 8
de agosto, segundo o levantamento da Economática feito a
pedido da Folha.
Trata-se do menor valor desde os R$ 285,3 bilhões alcançado no final de setembro do ano
passado, considerando apenas
o fechamentos de mês.
Neste ano, o desempenho
dos papéis da companhia contrasta bastante com o registrado ao final de 2006 e em todo o
ano de 2007, quando as sucessivas descobertas do pré-sal
alavancaram as cotações da
empresa Bovespa.
Em 2006, ano do anúncio da
primeira grande descoberta na
nova fronteira exploratória, a
de Tupi, as ações ON da Petrobras subiram 38,2%, mais do
que os 32,9% do Ibovespa.
Em 2007, o comportamento
dos papéis da companhia descolou ainda mais da tendência
da Bolsa: as ON avançaram
98,9%, num ano em que o Ibovespa se valorizou em 43,7%.
Mas, desde maio deste ano, a
situação se inverteu, e as ações
de emissão da companhia começaram a cair. "Os papéis foram afetados pela queda da cotação do petróleo. Somado a isso, tem ainda o fato de o mercado viver um momento de grande volatilidade, com a Bolsa dos
EUA muito instável", diz Nelson Rodrigues de Mattos, analista do BB Investimentos.
Para ele, a crise financeira
nos EUA ainda atinge o mercado brasileiro e afasta investidores internacionais da Bolsa, o
que prejudica o desempenho
das ações da Petrobras, as de
maior liquidez da Bovespa.
Mas há ainda, segundo Mattos, um componente político: a
possível criação de nova estatal
para administrar as reservas
não licitadas do pré-sal desagrada ao mercado, como revelado pela Folha no domingo.
"Essa indefinição tem também
impacto sobre os papéis. Falar
numa nova estatal prejudica a
Petrobras, que investiu pesado
para explorar o pré-sal."
Até agora, a Petrobras gastou
US$ 1,6 bilhão na perfuração de
17 poços no pré-sal -dois ainda
em conclusão. Em todos já terminados, achou óleo ou gás.
Foram feitas nove descobertas
-a última na semana passada,
numa área da bacia de Santos.
Já Mônica Araújo, da corretora Ativa, afirma que a avaliação positiva dos investidores
em relação à Petrobras não se
alterou, apesar da desvalorização das ações. A retração dos
papéis, avalia, é mais reflexo do
mau momento pelo qual passa
o mercado de capitais.
"A queda das ações é resultado da aversão ao risco por parte
dos investidores. Houve ainda
uma mudança [para pior] nas
expectativas futuras sobre a cotação do petróleo, o que também afetou o desempenho da
companhia na Bolsa", afirma
Araújo.
(PEDRO SOARES)
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