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Aumentam as apostas na alta do dólar
Após sexta alta seguida, moeda americana vai a R$ 1,616, com ganho de 3,4% no mês, mas queda de 9% desde janeiro
Operação de estrangeiros na BM&F demonstra menos confiança no real, embora elevação de juros pelo BC ajude a conter o dólar
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após seis pregões seguidos
de alta, o dólar alcançou ontem
R$ 1,616, maior valor desde 16
de junho. A alta de 0,44% fez
com que a apreciação da moeda
americana acumulada no mês
subisse para 3,39%.
No mercado de câmbio internacional, o dólar também tem
ganhado terreno diante de outras moedas, como o euro e a libra esterlina. No atual cenário,
o que se tem visto são grandes
fundos e investidores trocarem
aplicações em commodities pela divisa dos Estados Unidos.
Os contratos dos investidores estrangeiros na BM&F
(Bolsa de Mercadorias & Futuros) espelham bem o momento.
Esses investidores, que antes
estavam confiantes na continuidade da apreciação do real,
têm mudado de opinião. O que
demonstra isso são suas posições no mercado futuro.
No fim de julho, os estrangeiros mantinham posição "vendida" em dólar (uma aposta na
queda da moeda americana) de
US$ 7,6 bilhões. Na última
quinta-feira, essa posição havia
recuado para apenas US$ 385
milhões. E, na sexta-feira, havia
se invertido, passado a ser
"comprada" (que é quando os
investidores apostam na alta do
dólar) em US$ 2,3 bilhões.
"A posição dos estrangeiros
no mercado futuro se modificou nos últimos dias e agora está "comprada" em dólar. Como o
cenário internacional segue
muito ruim, e a procura por dólar tem aumentado lá fora, não
é exagero começarmos a pensar na cotação da moeda voltando a rondar os R$ 1,70", disse João Medeiros, diretor da
corretora de câmbio Pionner.
No acumulado do ano, o dólar tem ainda queda expressiva
diante do real, de 9,06%. Em
2007, a desvalorização ficou
em 16,85%.
Por enquanto, o mercado não
projeta grandes altas da moeda.
Ao menos a mais recente pesquisa feita pelo BC com cem
instituições financeiras mostrou que a expectativa média é
que o dólar esteja em torno de
R$ 1,60 no fim de 2008.
Pesquisa recente da Febraban, feita com 33 bancos, apontou previsão de dólar a R$ 1,63
em dezembro. Mas há quem
projete uma cotação mais elevada. O Bradesco, por exemplo,
trabalha com dólar a R$ 1,65 no
final deste ano.
Roberto Padovani, estrategista-sênior de investimentos
para a América Latina do
WestLB, lembra que há fatores
que podem conter uma alta relevante do dólar, como o diferencial entre os juros praticados no Brasil e no exterior.
Além de ter a maior taxa real
(descontada a inflação) do
mundo, o Brasil está em meio a
um processo de elevação dos
juros básicos. A taxa Selic, que
está em 13%, deve subir ao menos até 14,5% em dezembro, segundo previsão do mercado.
"As altas de juros que o BC
está realizando são um dos motivos que fazem com que não
esperemos por uma depreciação mais expressiva do real",
diz Padovani. Os juros brasileiros elevados garantem alto rendimento e atraem cada vez
mais o capital externo, o que
eleva a oferta de dólares e tira
pressão sobre sua cotação.
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