São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2008

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Aumentam as apostas na alta do dólar

Após sexta alta seguida, moeda americana vai a R$ 1,616, com ganho de 3,4% no mês, mas queda de 9% desde janeiro

Operação de estrangeiros na BM&F demonstra menos confiança no real, embora elevação de juros pelo BC ajude a conter o dólar


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após seis pregões seguidos de alta, o dólar alcançou ontem R$ 1,616, maior valor desde 16 de junho. A alta de 0,44% fez com que a apreciação da moeda americana acumulada no mês subisse para 3,39%.
No mercado de câmbio internacional, o dólar também tem ganhado terreno diante de outras moedas, como o euro e a libra esterlina. No atual cenário, o que se tem visto são grandes fundos e investidores trocarem aplicações em commodities pela divisa dos Estados Unidos.
Os contratos dos investidores estrangeiros na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) espelham bem o momento. Esses investidores, que antes estavam confiantes na continuidade da apreciação do real, têm mudado de opinião. O que demonstra isso são suas posições no mercado futuro.
No fim de julho, os estrangeiros mantinham posição "vendida" em dólar (uma aposta na queda da moeda americana) de US$ 7,6 bilhões. Na última quinta-feira, essa posição havia recuado para apenas US$ 385 milhões. E, na sexta-feira, havia se invertido, passado a ser "comprada" (que é quando os investidores apostam na alta do dólar) em US$ 2,3 bilhões.
"A posição dos estrangeiros no mercado futuro se modificou nos últimos dias e agora está "comprada" em dólar. Como o cenário internacional segue muito ruim, e a procura por dólar tem aumentado lá fora, não é exagero começarmos a pensar na cotação da moeda voltando a rondar os R$ 1,70", disse João Medeiros, diretor da corretora de câmbio Pionner.
No acumulado do ano, o dólar tem ainda queda expressiva diante do real, de 9,06%. Em 2007, a desvalorização ficou em 16,85%.
Por enquanto, o mercado não projeta grandes altas da moeda. Ao menos a mais recente pesquisa feita pelo BC com cem instituições financeiras mostrou que a expectativa média é que o dólar esteja em torno de R$ 1,60 no fim de 2008.
Pesquisa recente da Febraban, feita com 33 bancos, apontou previsão de dólar a R$ 1,63 em dezembro. Mas há quem projete uma cotação mais elevada. O Bradesco, por exemplo, trabalha com dólar a R$ 1,65 no final deste ano.
Roberto Padovani, estrategista-sênior de investimentos para a América Latina do WestLB, lembra que há fatores que podem conter uma alta relevante do dólar, como o diferencial entre os juros praticados no Brasil e no exterior.
Além de ter a maior taxa real (descontada a inflação) do mundo, o Brasil está em meio a um processo de elevação dos juros básicos. A taxa Selic, que está em 13%, deve subir ao menos até 14,5% em dezembro, segundo previsão do mercado.
"As altas de juros que o BC está realizando são um dos motivos que fazem com que não esperemos por uma depreciação mais expressiva do real", diz Padovani. Os juros brasileiros elevados garantem alto rendimento e atraem cada vez mais o capital externo, o que eleva a oferta de dólares e tira pressão sobre sua cotação.


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