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Transporte deverá subir com aumento da demanda
Estudo de carga rodoviária mostra procura por serviço subindo acima da oferta
57% de entrevistados do setor dizem que ele pode sofrer colapso e que reajuste de preços deve ser maior nos próximos anos que em 2008
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O transporte de carga rodoviário no país está na iminência
de uma crise, segundo pesquisa
apresentada ontem pelo Centro de Estudos em Logística da
Coppead (instituto de pesquisas da UFRJ). Nos últimos
anos, a demanda supera a oferta no setor e a tendência é de
concentração em grandes empresas e redução da participação do transporte autônomo.
Segundo o professor Paulo
Fleury, da Coppead, após enfrentar um ciclo vicioso na década de 1990, quando o baixo
valor dos fretes levava a um
percentual baixo de renovação
e manutenção, o setor enfrenta
hoje alta da demanda e restrição da oferta, com pressão para
aumento de preços e eficiência.
"Há uma ameaça de crise no
setor. É preciso trabalhar para
eliminar o desperdício. Os
clientes podem até querer trabalhar com uma frota própria,
mas não há nem motorista disponível", disse.
Segundo a pesquisa, 57% dos
entrevistados de cerca de 70
transportadores afirmaram
que há risco de colapso no
transporte rodoviário de carga.
A análise por setores mostra
que o percentual mais elevado
foi encontrado entre as transportadoras que prestam serviços para indústrias de higiene,
limpeza e cosméticos (71%).
Em segundo lugar, aparecem as
que atendem ao setor químico
e petroquímico, com um patamar de 60%, seguido pelo do
setor farmacêutico (57%).
De 2006 para 2007, o transporte rodoviário de carga cresceu 5,5%. No mesmo período, a
frota de caminhões registrou
alta de 4,5%. Segundo Fleury, a
deficiência de outros modais de
transporte intensifica o problema. Só 21% dos cerca de 110
clientes entrevistados entre
grandes empresas afirmaram
utilizar ferrovias para o escoamento da produção sem encontrar nenhum tipo de problema.
Desde 2005, o percentual de
transportadoras que afirmam
que a demanda supera a capacidade triplicou: de 9% para 28%.
Apenas 20% disseram atender
à demanda com folga.
A idade média da frota de caminhões no país é de 16,3 anos.
Entre os caminhões de empresas, fica em 10 anos, mas, entre
os autônomos, sobe para 21,1
anos. Segundo Fleury, as montadoras enfrentam dificuldades
hoje para fazer as entregas no
prazo previsto. Nesse cenário,
as transportadoras estão se tornando mais seletivas, escolhendo negócios com maior lucratividade e dispensando serviços.
Reajuste
"Há maior dificuldade para
conseguir contratar transporte
de cargas para o Nordeste porque muitas vezes os caminhões
voltam vazios", disse. Para
compensar o descompasso entre oferta e demanda, a perspectiva é de preços mais altos
nos próximos anos. O reajuste
médio em 2008 foi de 6%.
Apenas 14% das transportadoras afirmam ter aplicado reajustes maiores do que os índices de mercado, como os de inflação. Nesse grupo, estão as
empresas que usam menos autônomos, têm maior quilometragem por veículo e maior uso
da carga de retorno. Do total de
entrevistados, 37% afirmam
que os preços tendem a ficar
melhores para as transportadoras nos próximos anos.
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