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Sucessão de crises afasta estrangeiros do país
DO PAINEL S.A.
Em 2002, desabou a participação de bancos estrangeiros no
país. Em 95, um ano após o Plano
Real, os bancos estrangeiros respondiam por apenas 5,98% do total de depósitos no Brasil. Em
2001, chegaram a absorver
28,33% dos depósitos. No final do
ano passado, a participação caiu
para 17,37%.
O volume de operações de crédito também despencou no ano
passado. Em 95, os bancos estrangeiros detinham 6,17% do total
em operações de crédito no Brasil.
Chegaram a atingir 32% em 2001.
No ano passado, o percentual caiu
para 29,56%.
O presidente da Austin Asis,
Erivelto Rodrigues, que realizou
os cálculos, atribui várias razões
para a saída abrupta dos bancos.
Em primeiro lugar, Rodrigues
destaca o fato de esses bancos terem registrado grandes perdas
nos últimos anos no Brasil com as
constantes crises vividas pelo
país. Nos últimos dois anos, o país
conviveu com o colapso da Argentina, viveu o racionamento de
energia e ainda sofreu a tensão
das eleições presidenciais.
Para Rodrigues, os bancos cansaram de ter de aumentar em seus
balanços as provisões para créditos de difícil liquidação no Brasil.
Ao mesmo tempo, os bancos estrangeiros também enfrentaram
dificuldades em seus países de
origem com o desaquecimento da
economia após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001
nos Estados Unidos.
Além desses problemas, Erivelto Rodrigues diz que não pode
deixar de lado também o fato de
os bancos estrangeiros terem se
deparado no Brasil com instituições muito eficientes, que se preparam adequadamente para enfrentar a competição no setor.
"Com a perda dos ganhos obtidos
com a inflação, os bancos brasileiros se fortaleceram para enfrentar
a concorrência de fora", diz.
Volta
Rodrigues acha, no entanto, que
no futuro os grandes bancos internacionais vão voltar para o
Brasil. A conta dele é simples: a
população economicamente ativa
no país é de 70 milhões de habitantes e só a metade (35 milhões)
possui conta em banco. Ou seja,
há ainda muito espaço para os
bancos de fora desembarcarem
no país em busca dos sem-conta.
Falta de estudo
O diretor de Normas do Banco
Central, Sérgio Darcy, acha que
muitos bancos estrangeiros estão
deixando o país por não terem feito um estudo completo sobre a
forma de atuação do mercado
brasileiro.
Há bancos, segundo ele, que vão
indo muito bem no país, como os
casos do Santander e do ABN-Amro, e que não pensam em deixar o Brasil. De acordo com
Darcy, mesmo o Sudameris, que
está à venda, deu a volta por cima
e começou a dar lucro. Outros
bancos, de acordo com Darcy, tiveram problemas lá fora e, por isso, tiveram de vender suas participações em países emergentes, como o Brasil.
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