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Concorrência não está ameaçada, diz Febraban
DO PAINEL S.A.
O presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos),
Gabriel Jorge Ferreira, 67, não vê
riscos de a concentração bancária
afetar a concorrência no país. Segundo ele, a competição entre as
instituições financeiras no Brasil é
feroz e os bancos que deixaram o
país o fizeram porque não conseguiram ganhar escala. Para ele, a
concorrência ainda vai levar à redução das tarifas e dos juros.
Folha - Como o sr. analisa a concentração bancária no Brasil?
Gabriel Jorge Ferreira - Eu não
falaria em concentração, e sim em
consolidação. Nós estamos ainda
passando do regime de transição
da inflação para o de estabilização. A travessia é difícil. Muitos
bancos não estão mais aqui. Houve um movimento muito grande
dos bancos em busca de eficiência
e competitividade. Hoje, temos
um sistema financeiro sólido e saneado. O sistema bancário brasileiro é um sistema aberto, competitivo, que investiu muito em tecnologia nos últimos anos. Trata-se de um dos mais modernos e
eficientes do mundo.
Folha - Não há risco de o setor ficar nas mãos de poucos bancos e
diminuir a concorrência?
Ferreira - Não há a menor hipótese de isso ocorrer. Em primeiro
lugar, não há reserva de mercado
para o setor. Qualquer empreendedor que tenha recursos e capacidade pode entrar no mercado
bancário. Há uma concorrência
efetiva no setor. Os bancos estrangeiros que vieram para cá, por
exemplo, sabem que existe competição no Brasil, é feroz, e para
ganhar mercado é preciso ser eficiente. Eu tenho defendido, no
entanto, a necessidade de uma
melhora do ambiente regulatório
para principalmente propiciar a
redução do custo do dinheiro.
Um grande passo para isso poderia ser a modernização da Lei
de Falências, para permitir a recuperação da empresa, e não o seu
sucateamento. Acho que as tarifas
e o custo do dinheiro vão cair com
a competição. Será assim que as
instituições vão conseguir ganhar
fatias do mercado.
Folha - O sr. vê espaço para novas
fusões?
Ferreira - O espaço está cada vez
mais reduzido. A única instituição que eu sei que está à venda é o
Sudameris.
Folha - O que o sr. acha de o Cade
passar a analisar os processos de
fusões no sistema financeiro?
Ferreira - Não vejo nada de errado também examinar os movimentos de transferência de controle das instituições financeiras,
mas é preciso se fazer ressalvas
quando ocorrer possibilidade de
risco sistêmico. Quando houver
ameaça de risco sistêmico, a análise tem que ficar nas mãos do BC.
Folha -O sr. acha que o movimento de saída dos bancos estrangeiros no Brasil vai continuar?
Ferreira - Os que saíram do Brasil foi porque não adquiriram escala. O Santander, por exemplo,
que todo mundo achou que pagou um preço alto pelo Banespa,
está muito satisfeito com os resultados que vem obtendo no Brasil.
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