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Expansão do setor não disponibiliza crédito
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quando a entrada de bancos estrangeiros no Brasil começou a se
intensificar, após a implantação
do Plano Real, os defensores da
abertura de mercado argumentavam que essa política iria estimular a concorrência, provocando
queda nos juros e nas tarifas bancárias, além de uma expansão
acelerada do crédito.
Os números observados desde
então mostram que essa promessa acabou não se concretizando.
Um trabalho feito pelos economistas Luisa Helena Cavalcante e
Paulo Jorge Neto, da Universidade Federal do Ceará, mostra que,
no período em que se intensificou
a entrada de capital estrangeiro
no setor bancário, a expansão do
crédito permaneceu restrita.
"A maior participação estrangeira ocorrida devido à liberalização financeira afetou de forma negativa a oferta de crédito dos bancos privados nacionais com relação ao PIB [Produto Interno Bruto"", diz o estudo, com base em
dados fornecidos por 37 dos
maiores bancos do país.
Antes do Real, os bancos tinham na inflação a maior de suas
fontes de receita. As instituições
financeiras ganhavam com as
aplicações diárias que faziam com
o dinheiro que seus clientes deixavam parado em suas contas. Com
a estabilização de preços, muitos
bancos passaram a enfrentar dificuldades financeiras e acabaram
indo parar nas mãos dos estrangeiros.
O estudo mostra, porém, que os
estrangeiros acabam adaptando
suas operações às peculiaridades
já adotadas pelos nacionais: concentram seus recursos em títulos
da dívida pública, em vez de emprestá-los. "Uma vez inseridos no
sistema financeiro brasileiro, os
bancos estrangeiros tendem a
realizar operações de tesouraria
semelhantes a dos bancos nacionais", diz o texto.
De fato, segundo dados do Banco Central, em 1995 o total de empréstimos concedidos pelo sistema financeiro representava 37%
do PIB. No ano passado, a proporção havia recuado para 24%.
No caso das tarifas bancárias, os
bancos estrangeiros ainda cobram os menores preços, mas já
fazem reajustes cada vez maiores.
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