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TUDO PELO CRÉDITO
Para presidente da Febraban, garantia para o financiamento deve ser de quem faz o empréstimo
Custo dificulta financiamento para pobres
DA REPORTAGEM LOCAL
A expansão do crédito a produtores e consumidores pobres pretendida pelo governo, como forma de reativar a economia, é
aplaudida por dirigentes de cooperativas, analistas e banqueiros.
Mas ninguém quer carregar o risco do negócio.
O presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações dos Bancos), Gabriel José
Ferreira, diz que o setor ainda tem
de aprender a trabalhar o chamado microcrédito.
"Esse é um segmento com grande potencial de crescimento, se os
bancos souberem operacionalizar
as carteiras", afirma Ferreira.
Um dos problemas apontados é
que a concessão de crédito a pequenos produtores, donos de negócios de subsistência, não pode
contar com garantias dadas pelos
tomadores dos recursos, diz Ferreira. Isso desestimula os bancos.
Por isso, Ferreira defende que
na expansão do crédito à pobreza
o risco do financiamento seja de
quem faz o empréstimo. "Se o
funding [recursos" for do Tesouro ou de entidades internacionais,
o risco é deles", diz.
Na sua opinião, os bancos que
decidirem operar essas carteiras
não devem usar recursos captados de terceiros. "Eventualmente
serão usados recursos do próprio
banco, do BNDES ou do Banco
Mundial".
Custos
O receio dos banqueiros não é a
inadimplência, que é baixa entre
os pequenos tomadores de crédito. O problema é que o custo de
captação dos bancos no mercado
é alto para atender ao segmento.
Exemplos da baixa inadimplência do setor são o Bancoob e o
Bansicredi, os únicos bancos comerciais especializados no atendimento às cooperativas de crédito. Segundo Joel Santana, diretor
de risco da consultoria Lopes Filho, o índice de inadimplência do
Bancoob é de 2% da carteira de
crédito, e do Bansicredi é zero.
A Lopes Filho faz o "rating"
(análise de risco) desses bancos,
ambos de pequeno porte. O Bancoob tem R$ 1,169 bilhão em ativos e o Bansicredi R$ 1,674 bilhão.
"Os dois são bancos de baixo risco
de crédito", diz Santana.
Apesar de se tratar de instituições pequenas, elas são analisadas
pela Lopes Filho com a mesma
metodologia usada na avaliação
de risco dos grandes bancos, segundo ele.
Atuação incipiente
Ferreira, da Febraban, diz que
os bancos ainda engatinham na
concessão do microcrédito. Alguns bancos com Bradesco, ABN
Amro e Unibanco já começam a
atuar no setor.
"Mas os bancos precisam
aprender a trabalhar esse segmento. Ele tem particularidades,
trata-se de uma população não
bancarizada, sem acesso à informática e a agências bancárias, que
tem de ser procurada para saber
que há linhas de crédito para a
produção destinadas a eles", diz.
Concorrência
Por conta das reticências históricas dos bancos em atuar com
pequenos tomadores de crédito
- e das altas taxas de juros cobradas- as cooperativas vêm sendo
apontadas pelo governo como
uma forma de democratizar o
acesso a linhas de financiamento.
O presidente da Febraban diz
que os bancos não temem a concorrência das cooperativas. "Elas
podem ter um papel complementar aos bancos muito importante
e podem contribuir para reduzir
os juros", afirma.
Ferreira, porém, alerta que as
cooperativas abertas que o governo está para criar devem se sujeitar às mesmas regras de supervisão, recolhimento compulsório e
gerenciamento de riscos das demais instituições financeiras.
(SB)
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