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Modelo para o sistema, associação "torce" por incentivo de Lula ao setor
DA REPORTAGEM LOCAL
Instalada no "quarteirão do crédito", no centro de Guarulhos, a
Cooperativa de Crédito de Guarulhos, uma das mais antigas do país
-há 46 anos na praça-, é considerada modelo no sistema de
cooperativismo no Brasil.
Mylton Mesquita, 75, que há 40
anos ocupa a cadeira de presidente da cooperativa, tem prazer em
mostrar aos "clientes" que correm atrás de empréstimo as vantagens de uma cooperativa popular sobre os bancos e as financeiras tradicionais, que dividem a
mesma calçada com a instituição.
"Aqui não tem sala para gerente, para diretoria, não tem luxo.
Tudo é bem simples, mas o crédito é barato. Aqui todos são donos
do negócio, dividimos os resultados. Nosso objetivo também é
promover a solidariedade, aqui
um ajuda o outro. E, dessa forma,
as pessoas mais simples podem
entrar no sistema financeiro", vai
dizendo o presidente, enquanto
mostra no quadro de avisos as fotos dos convidados famosos que
visitaram a instituição nos últimos anos. Entre eles, a do atual
ministro da Previdência Social,
Ricardo Berzoini.
Sem se identificar no início, a reportagem da Folha esteve no local
em busca de crédito para saber
como funcionava a cooperativa.
Como a instituição é uma das 13
cooperativas de crédito do país
que funcionam pelo sistema aberto (o chamado sistema Luzzatti,
criado na Itália pelo professor
Luigi Luzzatti, em que as cooperativas se organizavam por região e
não precisavam estar vinculadas a
empresas ou categorias profissionais), "seu" Mesquita foi logo explicando: "Só precisa morar ou
trabalhar aqui em Guarulhos. É
preciso ter R$ 200 para abrir a
conta corrente e R$ 50 para comprar uma cota mínima. E mais R$
15 de taxa para ver se o nome de
vocês está limpo na praça. Pronto,
aí vocês são cooperadas".
Para obter o empréstimo, explicou, é só aguardar 30 dias. O juro
mensal pago nos financiamentos
concedidos aos cooperados é de
3,5% ao mês. "Muito menor que
os dos bancos. Só tivemos de parar de parcelar os empréstimos,
que eram feitos em até 20 vezes,
por causa da guerra [entre os
EUA e o Iraque"", diz "seu" Mesquita, sem detalhar exatamente o
impacto do conflito na economia
brasileira. "Vamos esperar o fim
da guerra e ver como vão ficar os
juros", afirma.
Para atrair mais associados, o
discurso está pronto na ponta da
língua: "No último ano, as sobras
da cooperativa somaram R$ 629
mil. Desse total, devolvemos um
terço para os associados. O resto
foi para o capital da cooperativa.
Porque o nosso objetivo aqui é
funcionar como uma poupança a
longo prazo. Temos hoje cerca de
2.800 cooperados".
Enquanto mostrava a sede da
cooperativa com seus 442 metros
quadrados de área construída,
"seu" Mesquita contava sobre a
participação da cooperativa em
programas sociais e de saúde, sobre a vacinação contra a gripe,
que ocorreu há pouco tempo no
salão da instituição, sobre os convênios feitos para os associados e
sobre a mais recente ação da cooperativa: uma doação feita ao programa Fome Zero. "Torço para
que o governo Lula não ceda à
pressão dos bancos e estimule o
cooperativismo."
(CR e FF)
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