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Na Bahia, camelôs e vendedoras de acarajé têm crédito de até R$ 2.000
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Sem acesso a empréstimos bancários ou de outras instituições, os
trabalhadores do mercado informal da Bahia -camelôs, baianas
que vendem acarajé e pescadores,
entre outros-, ganharam uma linha de financiamento que oferece
até R$ 2.000, com juros de 2,5% ao
mês, bem abaixo do mercado.
Com dez meses de operação, o
CrediBahia já beneficiou cerca de
400 microempresários -o valor
médio dos empréstimos é de R$
812. De acordo com o governo
baiano, a escolha do novo foco de
financiamento aconteceu depois
da constatação de que as grandes
e médias empresas brasileiras têm
alternativas para conseguir empréstimos bancários, enquanto os
pequenos e micro permanecem à
margem do sistema, apesar de algumas iniciativas.
"Essa parceria é muito importante porque se trata de um crédito extremamente pulverizado, e
todas as unidades que emprestam
o dinheiro conhecem de perto as
necessidades e vocações das comunidades onde trabalham", disse o presidente da agência baiana,
Vladson Menezes.
Segundo Menezes, um estudo
do BNDES revela que 95% dos
empreendedores nordestinos não
têm acesso ao crédito.
De acordo com o presidente do
CrediBahia, no Brasil existem cerca de 122 instituições de microfinanças, que atendem a aproximadamente 158 mil clientes ativos
-2% da demanda potencial.
"Precisamos, então, nos especializar nos pequenos."
Para capital de giro, a agência
baiana empresta até R$ 1.000 (limite inicial), com pagamento em
seis meses. Para investimento fixo
ou misto (fixo mais capital de giro), o valor do empréstimo sobe
para R$ 2.000.
Na primeira etapa, os postos de
financiamento foram instalados
na periferia de Salvador e nas cidades de Feira de Santana, Ilhéus,
Lauro de Freitas e Pojuca.
Há oito anos vendendo acarajé
em Lauro de Freitas (região metropolitana de Salvador), a baiana
Lúcia Jesus Dias, 37, foi uma das
primeiras beneficiadas pelo programa. "Estava no maior sufoco,
peguei R$ 590 emprestados."
Com o dinheiro, a baiana realizou pequenas obras em seu ponto-de-venda e separou um capital
de giro para comprar os ingredientes do bolinho mais famoso
da culinária baiana.
"Se não fosse o governo baiano,
não teria condições de melhorar
minhas condições de venda", disse a baiana, que nunca teve sua
carteira de trabalho assinada.
Segundo Dias, não foi difícil
conseguir o empréstimo. "Apresentei os documentos necessários
e pronto. Na mesma hora estava
com o dinheiro no bolso." No
próximo mês, a baiana paga a última das seis prestações do empréstimo, no valor de R$ 111.
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