São Paulo, domingo, 13 de junho de 2004 |
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ONU E DESENVOLVIMENTO Amorim reage à exclusão do Brasil da lista de países que podem ser interlocutores do G8 Aceno de Berlusconi à China irrita Itamaraty
ANDRÉ SOLIANI EM SÃO PAULO O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ficou incomodado ao saber que o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, não havia incluído o Brasil na lista de países que deveriam manter um diálogo permanente com os membros do G8, grupo que reúne as sete principais economias do mundo mais a Rússia. Na quarta-feira passada, ao sair de uma reunião com seus parceiros dos Estados Unidos, da França, da Inglaterra, do Canadá, do Japão, da Rússia e da Alemanha, o primeiro-ministro italiano afirmou que o grupo, considerado o mais poderoso do mundo, pensava em incluir entre seus membros a China e a Índia. O Brasil não foi citado pelo premiê. Amorim foi informado da declaração de Berlusconi por um de seus assessores, que acompanhava o assunto pela internet. Surpreso, o ministro decidiu conversar diretamente com o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell. Os Estados Unidos eram os organizadores do encontro do G8 em Sea Island, no Estado da Geórgia, que aconteceu durante a última semana. O secretário de Estado foi encontrado alguns minutos depois no velório do ex-presidente dos EUA Ronaldo Reagan, morto no sábado passado, aos 93 anos. Powell estava no Capitólio, sede do Congresso dos EUA, e atendeu Amorim prontamente. Parceiro Enquanto conversava com Powell, sua equipe tentava entrar em contato com os franceses. O presidente Jacques Chirac é considerado um parceiro estratégico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Brasil foi um aliado de primeira hora da França nas críticas à invasão do Iraque. Chirac é um dos principais defensores da idéia de Lula de criar uma taxa sobre o comércio de armas para combater a pobreza. A resposta da França agradou a Amorim. Chirac, na mesma reunião em que Berlusconi falou sobre a inclusão da China e da Índia, afirmou que não seria possível pensar em ampliar o diálogo do G8 com os países em desenvolvimento sem incluir o Brasil e a África do Sul. A resposta dos Estados Unidos deixou claro que a pretensão de países em desenvolvimento de entrarem no chamado Grupo dos 8 não está realmente na agenda dos países-membros, pelo menos não na dos norte-americanos. "Não houve nenhuma discussão concreta sobre o assunto", foi a resposta que o Itamaraty recebeu, horas depois, da embaixada norte-americana em Brasília. No telefonema, Powell disse que não sabia nada sobre o assunto, mas que buscaria informações para repassar a Amorim. O tema, discutido de maneira informal no G8, só saiu da sala de reuniões por uma indiscrição de Berlusconi, concluiu o Itamaraty. Embora a declaração de Berlusconi tenha desagradado ao Brasil, serviu para reabrir um debate de interesse do governo brasileiro -a ampliação do G8. (ANDRÉ SOLIANI) Texto Anterior: ONU e desenvolvimento: Mundo é muito mais desigual, diz Annan Próximo Texto: ONU e desenvolvimento: Acordos emperram, mas comércio cresce Índice |
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