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Brasil quer EUA e UE frente a frente
EM SÃO PAULO
O Brasil quer colocar os Estados
Unidos e a União Européia frente
a frente, para que resolvam pendências que, segundo o Itamaraty, barram o avanço das negociações agrícolas na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Hoje, o representante de Comércio dos Estados Unidos, Roberto Zoellick, e o comissário de
Comércio da UE, Pascal Lamy,
sentarão à mesa com o ministro
das Relações Exteriores, Celso
Amorim, e representantes da
Austrália e da Índia para tentar
destravar a Rodada Doha, que
acontece no âmbito da OMC.
"Espero que amanhã [hoje]
americanos e europeus se disponham a discutir a questão do paralelismo na nossa presença. Senão, podem discutir em outro lugar a nossa custa", disse Amorim,
após a reunião ministerial do G20,
ontem, em São Paulo.
Segundo o ministro, a UE afirma que está disposta a eliminar os
subsídios agrícolas para exportação, desde que os Estados Unidos
também eliminem seus subsídios
indiretos à exportação.
Os Estados Unidos adotam uma
retórica parecida. A idéia de redução simultânea dos subsídios é
conhecida por paralelismo.
O problema, de acordo com
Amorim, é que os dois lados podem usar essa estratégia para evitar avanços na negociação, ao culpar o outro por não ceder. Amorim quer que as duas maiores forças econômicas nas negociações
da OMC entrem num acordo durante encontro com outros países,
para que o processo negociador
possa seguir.
Amorim disse ser difícil prever
o resultado do encontro de hoje.
"Fico tentado a dar uma resposta
de jogador de futebol: vamos fazer um esforço, dar o melhor possível e vamos tentar ganhar", afirmou, ao comentar suas expectativas para a reunião.
As declarações de Amorim foram feitas após o G20 sentar para
acertar qual será sua posição hoje
no encontro. O grupo é formado
por países em desenvolvimento
que buscam a liberalização do comércio agrícola nos países ricos.
O Brasil e a Índia pretendem representar o grupo na reunião de
hoje. Ontem, o G20 divulgou a sua
declaração ministerial na qual
menciona a idéia do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva de criar
uma área de livre comércio entre
os países-membros do grupo.
"Eles [os ministros dos países
do G20] também mencionaram a
idéia do presidente Lula (...) de
lançar uma área de livre comércio
entre os membros", diz o comunicado oficial do encontro, que
ocorre à margem da 11ª Unctad. O
discurso de abertura do ministro
foi uma crítica às atuais regras de
comércio da OMC, que, segundo
ele, atendem aos interesses dos
países desenvolvidos.
"Precisamos acabar com esses
privilégios", disse Amorim. De
acordo com ele, o atual acordo de
agricultura da organização é o
que prevê as regras mais extensas
de tratamento especial e diferenciado. Esse conceito, segundo ele,
deveria ser usado para garantir a
países em desenvolvimento mais
flexibilidade no cumprimento
dos acordos internacionais.
Para Amorim, no entanto, as regras para agricultura são "um tratamento diferenciado ao contrário". Ou seja, um tratamento "especial para os países desenvolvidos, que continuam a se beneficiar de privilégios que distorcem
mercados e prejudicam os países
em desenvolvimento".
(ANDRÉ SOLIANI)
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