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Captações se limitam a grandes companhias
DA REPORTAGEM LOCAL
Dados a respeito de recentes
captações de recursos de empresas no exterior mostram que apenas as grandes companhias exportadoras -como CSN e Vale
do Rio Doce- fizeram novas dívidas. A grande maioria delas não
recorreu ao mercado para tentar
captar mais.
Pior: as taxas de juros cobradas
nos empréstimos realizados neste
ano continuam num patamar semelhante ao do último trimestre
do ano passado.
Apenas nas linhas à exportação
de curtíssimo prazo (180 dias) o
custo caiu. Nesse caso, a taxa que
estava entre 7% e 8% ao ano caiu
para 5%, em média.
Análise da Folha englobando as
últimas 12 captações de recursos
no exterior, feitas com o intermédio de bancos, mostra que as taxas pagas pelas empresas variam
de 2,25% mais a Libor (taxa de juros do Banco Central inglês) a
5,75% mais a Libor.
Companhias como Sadia, Cosipa e Gerdau fizeram empréstimos
pagando taxas de juros dentro
desse intervalo.
Em novembro do ano passado,
as taxas também variavam de 3%
a 6% mais a Libor.
"Há poucas chances de que o
endividamento cresça na atual situação. O crédito está caro e escasso. E as taxas, escorchantes.
Quem capta ainda não consegue
pagar tudo o que deve com a receita que gera", diz Erivelto Rodrigues, sócio da Austin Asis.
Geralmente, as operações desse
tipo que estão sendo oferecidas às
empresas brasileiras são as de
pré-pagamento.
As empresas que já têm uma
venda externa acertada procuram
os bancos para antecipar o crédito
que têm para receber no futuro.
Quando a exportação é consumada, o importador paga diretamente ao banco credor.
Um empréstimo da Votorantim, de US$ 50 milhões, por
exemplo, realizado no último
mês, foi um pré-pagamento à exportação com vencimento em três
anos e pagando juros de 3,5% ao
ano sobre a Libor.
A Cosipa, que captou US$ 45
milhões pelo mesmo prazo em
abril, pagou Libor mais 5,75%.
Outra empresa que usou suas exportações para captar US$ 150 milhões em pré-pagamento foi a
Acesita.
Ociosidade
Na avaliação de Cláudia Hausner, diretora do banco Banif Primus, cai a necessidade de as empresas captarem recursos por
conta da alta ociosidade do setor
industrial.
Dados da Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo) mostram que a utilização da
capacidade instalada da indústria
caiu em maio deste ano em relação ao mesmo período do ano
passado. Com isso, a ociosidade
está mais elevada -na média, entre 20% e 25%.
"No cenário atual, há pouca
motivação para investir nas unidades fabris e elevar produção.
Ainda mais no atual momento
em que as linhas de crédito lá fora
estão se abrindo aos poucos às
companhias brasileiras", diz
Cláudia.
(ADRIANA MATTOS)
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