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Álcool é arma para ingresso na 1ª divisão
DO COLUNISTA DA FOLHA
Se passa nos critérios
tradicionais para admissão na primeira divisão, o
Brasil tem dificuldades para provar que é também
um país limpo -modesto
emissor dos gases que geram o aquecimento global.
Dos pouco mais de 28
bilhões de toneladas de
CO2 que o mundo emitia
em 2005, o Brasil respondia por apenas 1,28%, longe dos EUA (21,13%) e da
China (18,88%).
O presidente Lula citou
esses números, coletados
pela Administração de Informações sobre Energia,
dos EUA, durante as cúpulas do Japão.
Mas a devastação na
Amazônia permanece, o
que gera críticas dos governos do G8, que, por terem destruído suas florestas, não querem perder a
maior que resta.
Lula, aliás, lembra permanentemente que os
países do G8 não têm autoridade para reclamar.
Mas reclamam. Tanto que
o presidente George W.
Bush condicionou a aceitação, pelos EUA, da meta
de reduzir em 50%, até
2050, a emissão dos gases
que causam o aquecimento global a um compromisso de China e Índia de
aceitarem objetivos igualmente ambiciosos. China
e Índia não aceitaram,
com apoio do Brasil, por
acharem, todos, que a responsabilidade maior é dos
países desenvolvidos.
"Eu caracterizaria o
desfecho [das cúpulas no
Japão] como falatório em
vez de ação", disse ao "International Herald Tribune" o climatologista Michael Schlesinger, da Universidade de Illinois, EUA.
De novo, portanto, o
Brasil apareceu em má
companhia, agora de China e Índia (esta, a quinta
maior emissora em 2005,
com 4,13% do total).
Em matéria de ambiente, o Brasil é inequivocamente parte da solução,
muito mais que problema.
Pelo menos na cabeça do
presidente Lula, um obcecado confesso com a idéia
de transformar o álcool
em eixo de uma revolução
não apenas energética como de desenvolvimento.
A tese do presidente é a
de que a combinação entre a tecnologia do Brasil
na produção de álcool derivado da cana com capitais do mundo rico poderia levar países africanos,
centro-americanos e caribenhos a encontrar um
caminho para sair do subdesenvolvimento e, ao
mesmo tempo, contribuir
para a redução na emissão
de gases.
(CR)
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