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Polícia de SP confisca tênis na "guerra"do All Star
Americana e brasileira disputam exclusividade
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em uma operação deflagrada
no começo deste mês, o 20º
Distrito Policial de São Paulo
apreendeu 2.134 pares de tênis
vendidos com a marca All Star
em cinco estabelecimentos comerciais na capital paulista.
Trata-se de mais um capítulo
da disputa entre a americana
Converse e a brasileira All Star
Artigos Esportivos pelo direito
de exclusividade na comercialização da All Star no Brasil.
A batida policial ocorreu a
partir de uma denúncia da
Converse, segundo a qual os tênis vendidos nos estabelecimentos eram "imitações" da
marca. De acordo com o advogado Marcelo Camargo, que representa a empresa, a Converse
prepara novas denúncias para
tentar impedir que a All Star
Artigos Esportivos continue
atuante no mercado.
O delegado-titular do 20º DP
em São Paulo, Nicola Romanini, informou que 12 pares foram encaminhados ao IC (Instituto de Criminalística) para
averiguação. "Agora, aguardamos laudo para ver se isso [a suposta imitação da marca] pode
se caracterizar como crime ao
consumidor. Se assim for, a empresa [All Star Artigos Esportivos] pode ficar impedida de
atuar por cinco anos."
A Converse e a All Star Artigos Esportivos se enfrentam
em disputas judiciais há mais
de 20 anos. Até agora, porém,
não há decisão definitiva em favor de nenhuma das duas.
Atualmente, ambas detêm a
marca All Star registrada no
INPI (Instituto Nacional da
Propriedade Industrial), autarquia responsável pelo registro
de marcas. Dessa forma, de
acordo com a assessoria de imprensa do instituto, não podem
ser considerados falsificados os
tênis produzidos pela All Star
Artigos Esportivos.
Outro lado
O advogado Marcello Pa-
nella, da Thiollier e Advogados,
que representa a All Star Artigos Esportivos, afirma que já
entrou com requerimento no
Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais) para arquivar o
inquérito que baseou a apreensão e reaver os pares confiscados. Ele argumenta que a Converse tentou uma "manobra"
para fazer "estardalhaço". "O
registro da marca foi feito há
muito tempo, e a Converse não
tem legitimidade para anular
esse direito."
A batalha entre a Converse e
a All Star Artigos Esportivos já
chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas, para Panella, ainda "está longe de terminar".
Marcas
"Vendemos produtos mais
baratos e com qualidade igual
ou superior e demos notoriedade à marca. Não tem lógica tentarem nos tirar do mercado. Isso prejudicaria o consumidor",
afirma o presidente da All Star
Artigos Esportivos, Rafi Kahtalian. Ele diz fabricar cerca de
200 mil pares por mês em sua
fábrica em Nova Hamburgo, no
Rio Grande do Sul.
Segundo ele, os tênis produzidos por sua empresa saem
por uma faixa de preço entre
R$ 49 e R$ 69. Já o preço sugerido do All Star da Converse está em R$ 64,90, conforme informa a própria empresa.
A Converse, que atua em
mais de 160 países, espera anular o direito da All Star Artigos
Esportivos de comercializar a
marca para ganhar maior participação no mercado brasileiro
de calçados.
"Uma vez que os produtos
falsificados sejam removidos
das lojas e a marca Converse esteja mais visível aos consumidores, esperamos retomar nosso "market share" e impulsionar
nosso crescimento", afirmou,
por e-mail, Jonathan Finn, diretor de marketing e comunicação da Converse.
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