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Economista brasileiro "acusa" Soros e amigos
DA REPORTAGEM LOCAL
Relatório do American Express
Bank chama a atenção até para
países emergentes que ainda não
enfrentam uma situação de risco,
mas que poderão ter problemas
no futuro. É o caso dos governos
de China, Filipinas e Malásia, que,
segundo o banco, terão, provavelmente, de absorver no futuro os
custos de créditos podres concedidos por instituições privadas.
Isso indica que a preocupação
com relações elevadas entre dívida pública e PIB de mercados
emergentes é crescente. Mas as
discussões sobre o assunto ainda
são bastante polêmicas.
Segundo a diretora de mercados
emergentes de uma importante
instituição financeira em Londres, é comum que os problemas
de países emergentes sejam generalizados. Isso reflete a falta de conhecimento das peculiaridades
de cada país.
Recentemente, por exemplo, o
tom enfático de análises que consideram inevitável uma reestruturação da dívida pública brasileira
passou a ser alvo de discordância
entre especialistas nacionais e estrangeiros.
O clímax dessas tensões aconteceu na semana passada, quando o
ex-megainvestidor George Soros
afirmou que o Brasil caminhava
rumo à falência. Segundo Soros, o
mercado está impondo taxas de
juros altíssimas ao Brasil agora e
isso dificilmente mudaria no curto prazo, não importa quem seja o
próximo presidente eleito.
Soros não foi o único a prever a
bancarrota. Outras estrelas da finança global fizeram recentemente afirmações similares.
No Brasil, o pensamento predominante foi bem sintetizado na
última semana por Alexandre
Schwartsman, economista-chefe
da BBA Corretora, em um relatório intitulado "J'accuse" ("Acuso") -uma alusão a título homônimo de um artigo escrito pelo escritor francês Émile Zola, no século XIX, uma carta aberta ao presidente francês atacando a perseguição do Estado e de militares
franceses contra um oficial judeu.
O texto de Schwartsman é uma
resposta a comentários que, segundo ele, refletem desconhecimento total da situação de endividamento do governo brasileiro.
Ele afirma que os riscos de calote
da dívida externa são mínimos. Se
mantido o superávit primário de
3,75% do PIB, as necessidades externas do setor público estão garantidas, praticamente, até 2004.
A dívida doméstica preocupa
mais. Ainda assim, para o economista, há remotas chances de que
o mercado imponha ao governo
uma reestruturação forçada dessa
dívida, concentrada quase inteiramente nas mãos de brasileiros.
Se enfrentar dificuldades para
renovar essa dívida no mercado
doméstico, o governo teria, na
pior das hipóteses, de pagá-la e se
endividar novamente em prazos
mais curtos, até de um dia.
"Isso seria ruim porque levaria a
pressões inflacionárias, mas os
custos seriam muito menores que
os de uma reestruturação", diz
Schwartsman.
(ÉRICA FRAGA)
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