|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Estrangeiro e brasileiro divergem sobre a crise
DO "THE NEW YORK TIMES"
Os investidores de Wall Street,
prejudicados pelas recentes perdas na Argentina e preocupados
com o resultado final da eleição
presidencial no Brasil, estão, mais
uma vez, divergindo de seus pares
brasileiros na avaliação da capacidade que o país tem de evitar uma
crise financeira ainda maior.
As diferenças de opinião
-acerca das chances de o Brasil
dar um calote em sua dívida pública e do retorno da inflação- se
tornaram maiores desde que o
candidato de oposição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chegou ao
segundo turno das eleições.
Analistas de Wall Street já imaginam situações catastróficas com
uma fuga de capitais ainda maior
no país, uma forte queda do real e
a introdução de controles rigorosos sobre o capital estrangeiro.
"Se o controle de câmbio for
adotado, as linhas de crédito estrangeiras entrarão em colapso,
acarretando em uma onda de calotes de empresas e o fim do Plano
Real", disse José Barrionuevo, diretor de estratégia em mercados
emergentes do Barclay's Capital.
"Se Lula não se mostrar tão firme como precisará ser, a crise política subsequente provavelmente
vai marcar o fim dele como presidente", disse Barrionuevo.
Apesar da incerteza acerca dos
planos de Lula para a economia,
donos de grandes bancos brasileiros pedem calma ao mercado.
"Lula não é um revolucionário",
disse Roberto Setúbal, presidente
do Itaú, em um encontro recente
com investidores nos EUA.
A reação de analistas brasileiros
às previsões de George Soros sobre o país foi atípica. Soros disse
em Londres nesta semana que a
chance de o Brasil ter que reestruturar sua dívida "ultrapassa os
50%". Essa possibilidade foi refutada veementemente pelos brasileiros. "Não concordo com nenhuma das palavras desse cidadão", disse Luiz Carlos Costa Rego, economista-chefe do Banco
Sul América.
Essa não é a primeira vez que a
divergência é grande entre investidores estrangeiros e brasileiros
com relação às perspectivas para
o país. Muitos analistas internacionais, notadamente os do
Deutsche Bank, foram criticados
pela mídia brasileira após soltar
análises pessimistas a respeito dos
fundamentos do país no período
turbulento que veio após a decisão brasileira de liberar o câmbio,
no início de 1999.
Mais tarde, o Deutsche Bank
precisou emitir um comunicado
público reafirmando sua confiança no Brasil depois que uma boa
recuperação econômica e o apoio
internacional às políticas do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, permitiram que o governo rapidamente recuperasse
seu crédito no mercado.
A Goldman Sachs parece ter se
contido depois que seus estrategistas elaboraram, em um relatório do início do ano, um "lulômetro" para medir os riscos associados à chance de Lula se tornar
presidente. Desde então, Paulo
Leme, diretor de pesquisa em
mercados emergentes da instituição, tem apresentado análises sobre a economia brasileira relativamente balanceadas.
Texto Anterior: Para economista, país é um "mar em fúria" Próximo Texto: Indústria: Dólar caro faz país fabricar robô e químicos Índice
|