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Cooperativa distribui R$ 73 mi de sobras
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO MOURÃO (PR)
Na última semana de fevereiro,
a Coamo Agroindustrial Cooperativa, a maior do gênero na América Latina, fez sua distribuição
anual de sobras de dinheiro de
2003. Foram R$ 73 milhões pagos
a 18 mil associados.
Isso teve reflexos diretos em
Campo Mourão, sede da cooperativa, e em outras 50 cidades do Paraná e de Mato Grosso do Sul, onde a Coamo tem entrepostos.
Na maior beneficiada, Campo
Mourão, cidade de 82,2 mil habitantes a 454 km a noroeste de Curitiba, boa parte do dinheiro foi
gasta em máquinas novas e imóveis.
No total, as sobras da Coamo
em 2003 foram de R$ 243 milhões,
a maior fatia reinvestida em programas de tecnologia e formação
de fundos para comercialização e
expansão de atividades.
O desempenho do agronegócio
soja foi responsável por esses números, em uma região em que os
empregos, o comércio das pequenas cidades próximas a Campo
Mourão e praticamente todas as
atividades dependem do desempenho da cooperativa.
"Aproveitamos a boa fase da soja. Nossos associados são profissionais e sabem que precisam
aproveitar os ciclos bons para enfrentar os maus momentos", diz
José Aroldo Galassini, 62, presidente da Coamo desde 1975.
Segundo Galassini, que fundou
a Coamo em novembro de 1970
com outros 78 agricultores, a cooperativa Coamo só conseguiu ser
o que é hoje graças ao empenho
no desenvolvimento tecnológico
e ao cuidado com o solo.
Na década de 70, a região era conhecida como produtora dos três
"S": o sapé e a samambaia (plantas invasoras que indicam acidez
no solo) e a saúva (formiga devoradora de culturas agrícolas). O
surgimento de novas tecnologias
e a implantação das culturas de
trigo e soja possibilitaram a virada
e a transformação da região em
grande produtora de grãos.
Hoje a cooperativa responde
por 4% da produção nacional de
grãos e fibras (algodão), 16% da
produção de grãos das cooperativas brasileiras e por 50% da produção das cooperativas paranaenses. É o 23º maior exportador brasileiro. Só de ICMS e encargos sociais, desembolsou em
2003 R$ 142 milhões. No ano passado, o faturamento bruto da cooperativa ficou em R$ 3,3 bilhões.
A cooperativa emprega 3.700
funcionários, 60% deles na sede,
em Campo Mourão.
Concentração de renda
Paralelamente a esse crescimento econômico, houve uma redução drástica da população rural
do município e uma concentração de renda nas mãos dos produtores mais tecnificados.
Em 1970, Campo Mourão tinha
77,1 mil habitantes, dos quais 49,3
mil na zona rural, em pequenas
propriedades rurais com culturas
de subsistência e lavouras comerciais de arroz, café e algodão. Hoje, na zona rural vivem 2.200 habitantes, e as terras rurais estão nas
mãos de só 1.648 proprietários.
Os bons preços da soja no mercado internacional nos últimos
três anos aqueceram setores da
economia voltados paras as classes A e B, como um incremento
na venda de máquinas, tratores e
implementos agrícolas e na valorização do mercado imobiliário.
O município teve também uma
expansão na construção civil,
com um aumento de 24,7% no
volume de área construída de
2002 para 2003.
"Nossos empreendimentos se
valorizaram até 70% nos últimos
dois anos, e hoje há uma escassez
de oferta de imóveis", afirma
Marco Antônio Kunzler, 43, responsável pelo primeiro condomínio horizontal de Campo Mourão, o Village das Hortênsias.
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