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Boom no campo não ajuda paulistas
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Os produtores paulistas vão ser
os menos beneficiados pelo boom
do campo neste ano. A produção
agropecuária do Estado está centrada em dois produtos que não
deverão ter bom desempenho de
preço: cana-de-açúcar e laranja.
O cenário também não é muito
bom para os mineiros, que têm a
dobradinha café e leite como líder
no Estado. Os preços para esses
produtos, principalmente para o
leite, não prometem ser bons.
No Paraná, no Rio Grande do
Sul, em Mato Grosso e em Goiás,
onde a maior fonte de renda dos
produtores vem da soja, o cenário
para os preços é bom. Apesar da
safra abaixo do previsto, os baixos
estoques mundiais deverão manter aquecidos os preços da soja.
Situação privilegiada têm os
gaúchos que, além da soja, têm
como sustentação do setor o arroz, produto que está com os preços aquecidos há três anos.
Estudo de Alfredo Tsunechiro,
pesquisador científico do Instituto de Economia Agrícola, indica
que cana e laranja representam
46% do valor da produção paulista, com base nos dados do valor
de produção de 2002. "Esses dois
setores não vão bem", diz o produtor Carlos Arthur Ortenblad.
Com uma perna em cada uma
dessas culturas, Ortenblad diz
que a situação da cana é conjuntural, mas a produção de cítricos
caminha para a morte se não houver mudanças profundas.
A citricultura, diz ele, está no
norte paulista, quando o ideal seria o sul do Estado, menos suscetível a doenças. Além disso, o
mercado externo já não é tão favorável. Ele cita os EUA, importadores do produto, mas que já produzem mais do que consomem.
Duarte Nogueira, secretário
paulista de Agricultura, concorda
que esses setores passam por dificuldades, mas passageiras. "Açúcar e suco dependem da renda da
população e, neste ano, a melhora
da economia deve elevar o poder
aquisitivo dos consumidores."
Ele destaca as boas perspectivas
mundiais para o álcool brasileiro
e a necessidade de os EUA importarem suco do Brasil para melhorar o sabor e a coloração do produto norte-americano.
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