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Cana projeta indústria, mas expulsa famílias
MARCELO TOLEDO
ENVIADO ESPECIAL A SERTÃOZINHO (SP)
Centro mundial da produção
de cana-de-açúcar, Sertãozinho (335 km de SP) tem seis
das principais usinas brasileiras, 16% da cana colhida no Estado e 400 indústrias fornecedoras de equipamentos e serviços dirigidos ao setor.
A cidade de 94 mil habitantes
é um autêntico oásis do agronegócio, o que faz a renda per
capita da população ser superior à da vizinha Ribeirão Preto
(500 mil habitantes) -R$
5.772 contra R$ 4.457,01-,
graças ao PIB local, que foi de
R$ 546,3 milhões em 2002.
A cidade faz parte de uma região que deve produzir, na safra 2003/2004, 100 milhões de
toneladas de cana, ou 30% do
total do país (340 milhões de
toneladas). Em Sertãozinho,
90% da área plantada é de cana,
o que explica o fato de 92% do
PIB ser composto por indústrias voltadas à agricultura.
Reflexo do bom desempenho
do agronegócio, Sertãozinho
tem um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,833,
o 105º do Brasil.
Apesar do bom IDH, o nível
de emprego não acompanha o
crescimento no Estado. A cidade teve uma variação positiva
de 0,65% em 2003 no total de
vagas com carteira assinada,
índice bem inferior à média do
Estado (2,34%), de acordo com
o Ministério do Trabalho.
A mecanização provocada
pelo agronegócio aumentou o
desemprego nas lavouras. Só
nos dois últimos anos, foram
fechadas 151 vagas formais na
agropecuária. "Expulsa" da zona rural, a maioria foi integrar
o contingente de 500 famílias
que invadiram uma área na zona urbana, criando o chamado
bairro dos Sem-Teto.
Industrialização
A arrecadação de impostos
cresceu em Sertãozinho principalmente pelo surgimento de
novas empresas e pela ampliação das já existentes. De 1995 a
2000, foram criadas 1.296 empresas, mais que o total dos dez
anos anteriores (1.268).
A DMB, que produz equipamentos agrícolas, teve crescimento de 60% no ano passado
e registra, a cada ano, seis novas patentes. Segundo o diretor
Alberto Borges, a empresa, que
hoje tem 190 funcionários, exporta 10% de sua produção para América Central e México.
"Queremos abrir o mercado
externo cada vez mais", diz.
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