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CRISE REAL
Número de veículos parados nas concessionárias está 30% acima do habitual; revendedores já rejeitam mais carros
Estoque de revendas está acima do normal
DA REPORTAGEM LOCAL
As concessionárias de veículos
devem ser um dos elos da cadeia
automotiva a sofrer demissões em
breve. As vendas de junho em relação a maio caíram 12,11%, contra a retração de 6,5% registrada
pelas montadoras.
Cerca de 85 mil automóveis estão parados nos estoques das
4.200 revendas do país, o equivalente a 26 dias de vendas. "Se os
negócios estivessem em ritmo
normal, o estoque deveria corresponder a 20 dias de vendas", diz
Hugo Maia, presidente da Fenabrave (Federação Nacional da
Distribuição de Veículos Automotores).
Caso as concessionárias tivessem aceito neste ano a tradicional
política das montadoras de desova de veículos nas revendas, os estoques seriam bem maiores.
"Nos últimos meses, nos recusamos a aceitar um grande excesso de automóveis das montadoras
devido à atual crise".
Maia considera inevitável a demissão nas revendas nos próximos meses. "Existem duas condições essenciais para que ocorram
vendas de veículos. Confiança do
consumidor e condições de compra. Nenhuma delas existe hoje".
O empresário lembra que atualmente só existem fatores que afugentam os consumidores das revendas. O dólar está instável, existe uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) averiguando
corrupção na prefeitura de Santo
André e certas declarações de
candidatos à Presidência da República inquietam o mercado.
Além disso, as taxas de juros para o financiamento de veículos estão em torno de 3% ao mês, quando há oito meses eram de 1,5% em
média. "O motivo da alta é o crescimento da inadimplência. Os
bancos decidiram aumentar as taxas para compensar os prejuízos
provocados pelos consumidores
que não pagam".
Diante desse quadro todo, Maia
prevê a demissão de parte dos 220
mil trabalhadores das concessionárias nos próximos meses. "Não
sei quando a atual situação será
revertida. Nem a vitória do Brasil
na Copa do Mundo conseguiu
atrair os consumidores para as revendas".
Ele não sabe nem se o cenário
do setor irá melhorar após as eleições de outubro.
Acordos automotivos
Ricardo Carvalho, presidente da
Anfavea (Associação Nacional
dos Veículos Automotores), diz
estar mais otimista. Segundo ele,
os acordos automotivos fechados
nos últimos dias entre o Brasil e o
México e o Chile permitirão um
incremento nas exportações.
"Antes a alíquota de exportação
de veículos para o México era de
25%. Nos próximos 12 meses cairão para 1,1% e depois para zero".
A Anfavea estima que 700 mil
veículos devem ser exportados
para o México e Chile nos próximos cinco anos. Segundo Carvalho, começa a haver também um
início de reação nas vendas internas. As promoções nas revendas
poderão ajudar o setor.
(LÁSZLÓ VARGA)
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