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Deflação é nova ameaça, alertam bancos
Estouro da "bolha" de commodities e recessão mundial derrubariam preços no mundo e obrigariam BCs
a reduzir juros
SIMON KENNEDY
DA BLOOMBERG
DA REDAÇÃO
Albert Edwards, funcionário
do banco francês Société Générale SA que previu a crise cambial da Ásia há uma década, está
alertando os bancos centrais
mundiais de que a deflação poderá em breve superar a alta
dos preços na posição de maior
ameaça à economia mundial.
"A preocupação com a inflação é exagerada e a ameaça da
deflação pode reaparecer, estimulada pela recessão mundial
e pelo colapso da bolha das
commodities", disse Edwards,
47, que trabalha em Londres.
Edwards foi considerado o
melhor estrategista mundial da
Europa nos últimos sete anos,
de acordo com a pesquisa
Thomson Extel, realizada com
investidores.
Apesar de sua previsão -segundo a qual os preços nos Estados Unidos e na Europa cairão até o final do próximo ano
-ser descartada pela maioria
dos economistas, ela reflete a
opinião emitida há duas semanas pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês).
A instituição que reúne bancos centrais de vários países
avaliou que uma desaceleração
mundial "de maior porte" pode
acarretar deflação. Num momento em que os bancos centrais de Mumbai, na Índia, a
Frankfurt, na Alemanha, elevam seus juros, os responsáveis
pelas políticas monetárias poderão ser obrigados a voltar
atrás, dizem economistas do
Deutsche Bank AG.
"Tão absurdo quanto possa
parecer neste momento, o receio da deflação poderá retornar e as taxas de juros poderão
cair novamente e se posicionarem rumo aos baixos níveis alcançados no início desta década", disseram os economistas
Peter Hooper, Thomas Mayer e
Torsten Slok em relatório de 7
de julho passado.
Apesar de não fazer parte de
sua estimativa central, um período de queda nos preços é
mais provável do que um de inflação desgovernada, dizem.
Há apenas quatro anos, a taxa básica de juros do Fed estava
em seu mais baixo patamar de
45 anos, em 1% ao ano, enquanto o BC norte-americano combatia a última onda de pânico
em relação à deflação.
Mas a ameaça de uma escalada nos preços levou o Fed a elevar os juros em uma série de
reuniões a partir de meados de
2004, para uma taxa que chegou a 5,25% dois anos depois.
Naquele momento, a crise de
crédito e da própria economia
era uma ameaça distante.
Mas, neste ano, a desaceleração econômica começa a se espalhar. Para muitos analistas,
os EUA, embora tenham crescido 1% no primeiro trimestre,
ainda podem entrar em recessão no segundo semestre. Projeções apontam que a zona do
euro pode ter sofrido contração
no segundo trimestre pela primeira vez em sua história.
Mesmo a vitória do Japão
contra uma década de recuo
nos preços se mantém frágil e
os preços locais -excluindo os
de alimentos e combustíveis,
categorias mais voláteis- caíram 0,1% em maio passado.
"O fato de agora as pessoas
estarem preocupadas com a inflação não significa que elas não
estarão preocupadas com a deflação dentro de um ano", disse
Edwards, do Société.
De qualquer forma, a maioria
dos economistas ainda está elevando suas previsões para os
índices de inflação ao consumidor, num momento em que os
preços de alimentos e combustíveis alcançam recordes.
Larry Kantor, chefe do setor
de pesquisa do Barclays Capital
em Nova York, estima que a taxa de inflação mundial ficará
em 5% neste ano, o ritmo mais
acelerado desde 1983.
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