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InBev adquire cervejaria dos EUA e torna-se líder global
Anheuser-Busch concordou ontem à noite com oferta de US$ 50 bi da
InBev
Desfecho do negócio só foi possível após a cervejaria belgo-brasileira ter elevado sua oferta pela rival que domina o mercado dos
EUA
JESSICA HALL
MARTINNE GELLER
DA REUTERS, NOS EUA
A cervejaria americana
Anheuser-Busch fechou ontem
sua aquisição por US$50 bilhões pela belgo-brasileira InBev, segundo fontes citadas ontem à noite pela agência de notícias "Reuters" e o jornal "The
Wall Street Journal". O negócio
criará a maior cervejaria do
mundo em volume.
Não foi possível obter declarações da InBev, fabricante da
Stella Artois, nem da Anheuser,
que produz a Budweiser.
A nova empresa será chamada Anheuser-Busch InBev, disse uma fonte que exigiu anonimato. A Anheuser terá cadeiras
no conselho de direção da nova
empresa, mas, segundo a fonte,
ainda não está claro quantas.
O acordo marca a resolução
amigável da saga que vinha se
desenrolando há um mês e estava ganhando característica
cada vez mais hostil, à medida
que as duas empresas processavam uma à outra e a InBev procurava criar condições para
tentar substituir o conselho de
direção da Anheuser.
A InBev, cujo presidente é o
brasileiro Carlos Brito, tinha
proposto seus próprios nomes
para compor o conselho. Entre
eles estava o de Adolphus
Bosch IV, tio do atual executivo-chefe da Anheuser-Busch.
Na semana passada a InBev
atraiu a Anheuser à mesa de negociações, elevando sua oferta
de US$ 65 a ação para US$ 70,
27% acima do recorde de preço
das ações da Anheuser, alcançado em outubro de 2002.
Fontes revelaram que as
duas companhias e seus assessores se reuniram em Nova
York no fim de semana, discutindo detalhes da nova empresa
conjunta, os papéis a serem
exercidos pelos executivos da
Anheuser e a estrutura do conselho de direção. Também foram discutidas no fim de semana as taxas a serem pagas se o
acordo não fosse selado.
No mês passado, a InBev procurou tranquilizar a Anheuser
em relação a algumas de suas
preocupações, dizendo que
manteria a sede da empresa
americana em Saint Louis.
Também foi dito que a principal cerveja da Anheuser, a Budweiser, tornaria-se a marca
principal da nova companhia.
O sindicato que representa
trabalhadores das 12 cervejarias da Anheuser nos EUA pediu uma reunião para discutir a
oferta inicial para que pudesse
"cumprir sua responsabilidade
de aconselhar e proteger seus
filiados". Mas não está claro se
a reunião entre a InBev e o sindicato aconteceu de fato.
A aquisição da empresa americana que é ícone em seu país
provocou reações de ultraje entre alguns políticos, incluindo o
candidato presidencial democrata Barack Obama.
Outro obstáculo para a concretização do negócio é que
qualquer acordo com a Anheuser é complicado pela relação
dela com a maior cervejaria do
México, o grupo Modelo, fabricante da cerveja Corona. O
Grupo Modelo, que já pertence
em 50% à Anheuser, tem o direito de escolher seu sócio e,
portanto, de participar nas discussões de qualquer aquisição
da Anheuser-Busch. Não foi
possível obter declarações do
grupo.
Analistas disseram que é provável que o Modelo aprove a
compra da Anheuser pela InBev e que espere que a cervejaria belga se mostre uma parceira mais dinâmica e inovadora
que a maior cervejaria dos
EUA.
Enquanto a Anheuser controla quase metade do mercado
americano, com marcas como
Budweiser, Bud Light e Michelob, a InBev ocupa posições fortes na Europa ocidental e América Latina e está crescendo na
Europa oriental e Ásia.
Formada em 2004 pela fusão
da belga Interbrew com a brasileira AmBev, a InBev tem sua
sede na Bélgica e é comandada
por uma equipe de direção em
sua maioria brasileira.
Tradução de Clara Allain
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