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Mantega pede a empresas que não repassem aumentos ao consumidor
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) fez, ontem, um apelo
para os empresários não repassarem aumento de custos para
os preços ao consumidor final.
Convidado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria)
para detalhar a sua proposta de
criação do fundo soberano
(poupança formada com parte
do excedente de arrecadação),
o ministro aproveitou a platéia
de 29 representantes de diferentes segmentos da indústria
para pedir ajuda no combate à
inflação.
Segundo a Folha apurou, nas
duas horas e meia de encontro
a portas fechadas com os empresários na sede da CNI, em
Brasília, Mantega repetiu por
três vezes o pedido para que os
industriais evitem os reajustes
para o varejo.
A preocupação com a inflação foi o foco da apresentação
inicial do ministro da Fazenda.
Recheada de gráficos e tabelas
com dados sobre a trajetória
dos preços no Brasil e no mundo, ela não tinha nenhuma linha sobre o fundo soberano,
maior curiosidade dos presentes. O tema só foi abordado na
hora das perguntas.
Em vez do fundo, que já foi a
sua bandeira, o ministro preferiu destacar no seu discurso a
importância de evitar o que os
economistas chamam de inércia inflacionária, o que, na prática, significa repasses em cadeia de altas de preços que alimentam sucessivos reajustes
nos mais diferentes setores da
economia.
"O que não podemos hoje é
ter inércia inflacionária", enfatizou Mantega, segundo relato
de um dos presentes ouvidos
pela Folha. O ministro também disse estar ciente de que o
que estava pedindo era "difícil"
para os empresários e que eles
não fazem "milagres", mas reforçou o discurso de que "é importante não repassar tudo para os preços".
Apelo
O apelo do ministro foi confirmado também pelos presidentes da CNI, Armando Monteiro Neto, e da Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), Synésio Batista. Só que em vez de levar para o seu gabinete a promessa de
contenção dos reajustes, Mantega ouviu ressalvas e saiu do
evento com apelos dos empresários.
"Há setores e setores. Para
alguns é impossível esse esforço para conter a pressão nos
custos, como a indústria de
transformação plástica, que é
afetada diretamente pela alta
no setor petroquímico", ponderou à Folha Monteiro Neto, da
CNI.
"O ministro enfatizou muito
que não repassássemos para os
preços [as altas de custos]", disse Batista. "Respondemos dizendo que, então, é hora de ampliar o prazo para pagamento
de tributos da indústria, que é
feito até o dia 10 de cada mês.
Como só recebemos dos clientes entre 90 e 120 dias depois,
há um financiamento de tributos do governo que custa caro.
Ele prometeu pensar", afirmou
o presidente da Abrinq.
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