São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Indústrias de pequeno porte retomam crescimento em junho

Dado do Sebrae aponta, porém, queda de 6,1% no faturamento semestral

MARINA GAZZONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A onda de industrialização que trouxe crescimento no faturamento das grandes empresas no primeiro semestre do ano chegou às micro e pequenas do setor industrial. Dados divulgados ontem pelo Sebrae-SP apontam queda de 6,1% no faturamento do semestre, mas retomada no crescimento em junho -alta de 5,6% na comparação com o mês anterior. O resultado do semestre das micro e pequenas indústrias foi diferente do divulgado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), que registrou crescimento de 8,4% no faturamento da indústria como um todo, o melhor desde 2003. "Grandes indústrias começaram a se recuperar em 2006 da travada da economia em 2004. As pequenas demoram mais para entrar nessa recuperação," disse o gerente da unidade de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca. O desempenho, negativo no semestre e positivo em junho, das micro e pequenas indústrias se repete para os dados de emprego. O número de pessoas ocupadas caiu 1,4% no semestre, mas subiu 0,7% em junho. Já o rendimento dos funcionários diminuiu 0,2% nos seis primeiros meses do ano e cresceu 0,8% em junho, na comparação com maio. Os dados do Sebrae batem com o registrado pela empresária Cristina Grenier, dona de uma fábrica de bolsas, em São Paulo. Segundo ela, o faturamento da indústria caiu cerca de 20% entre janeiro e abril, mas a partir de maio voltou com força total. No ano, ela estima já ter obtido crescimento de 10% em relação à receita acumulada até agosto do ano passado. Com a entrada de novos pedidos para o final de ano, a empresária pretende contratar mais dois funcionários. Apesar do bom desempenho de junho, economistas divergem se o segundo semestre será aquecido ou registrará outro resultado negativo para as micro e pequenas indústrias. Para o gerente do Observatório de Micro e Pequenas Empresas do Sebrae-SP, Marco Aurélio Bedê, o segundo semestre deve ser bom para o setor, que acompanhará tendência de crescimento da economia brasileira, impulsionada por crescimento de renda, crédito e controle da inflação. "Ninguém contrata mais em junho se não tiver expectativas que será melhor." Fonseca discorda. Segundo ele, o índice de confiança do empresário brasileiro, calculado pela CNI, caiu em julho para indústrias de todos os portes após quatro altas seguidas por quadrimestre. Para ele, a queda na confiança é reflexo do aumento da taxa básica de juros e deve afetar os investimentos. "As indústrias de pequeno porte são as últimas a sentir a retomada da industrialização, mas as primeiras a sentir o freio." Os dados divulgados ontem pelo Sebrae apontaram queda de faturamento real de 1,5% nas micro e pequenas empresas de todos os setores no primeiro semestre do ano na comparação com o mesmo período do ano passado. A receita total no período foi de R$ 128,5 bilhões. Assim como a indústria, o setor de serviços também registrou retração (3,2%). O comércio foi o único setor com desempenho positivo no período, com aumento no faturamento de 1,2%. O diretor-superintendente do Sebrae-SP, Ricardo Tortorella, reviu a as projeções feitas para 2008 e afirma que o resultado não será "tão bom quanto o projetado". "Mas, ainda assim, o segmento das micro e pequenas empresas deve fechar com desempenho igual ao do ano passado [alta de 4% do faturamento real em comparação com 2006] ou com uma pequena alta em termos de vendas." Segundo Tortorella, o primeiro semestre foi prejudicado pela inflação, mas, nos próximos seis meses, o impacto da alta dos preços será menor para pequenas empresas.


Colaborou a Folha Online



Texto Anterior: Aviação executiva foca crescimento das vendas de jatos nos países emergentes
Próximo Texto: Empresas do setor captam 41% mais no BNDES
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.