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Indústrias de pequeno porte retomam crescimento em junho
Dado do Sebrae aponta, porém, queda de 6,1% no faturamento semestral
MARINA GAZZONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A onda de industrialização
que trouxe crescimento no faturamento das grandes empresas no primeiro semestre do
ano chegou às micro e pequenas do setor industrial. Dados
divulgados ontem pelo Sebrae-SP apontam queda de 6,1% no
faturamento do semestre, mas
retomada no crescimento em
junho -alta de 5,6% na comparação com o mês anterior.
O resultado do semestre das
micro e pequenas indústrias foi
diferente do divulgado pela
CNI (Confederação Nacional
da Indústria), que registrou
crescimento de 8,4% no faturamento da indústria como um
todo, o melhor desde 2003.
"Grandes indústrias começaram a se recuperar em 2006 da
travada da economia em 2004.
As pequenas demoram mais
para entrar nessa recuperação," disse o gerente da unidade
de pesquisa da CNI, Renato da
Fonseca. O desempenho, negativo no semestre e positivo em
junho, das micro e pequenas indústrias se repete para os dados
de emprego. O número de pessoas ocupadas caiu 1,4% no semestre, mas subiu 0,7% em junho. Já o rendimento dos funcionários diminuiu 0,2% nos
seis primeiros meses do ano e
cresceu 0,8% em junho, na
comparação com maio.
Os dados do Sebrae batem
com o registrado pela empresária Cristina Grenier, dona de
uma fábrica de bolsas, em São
Paulo. Segundo ela, o faturamento da indústria caiu cerca
de 20% entre janeiro e abril,
mas a partir de maio voltou
com força total. No ano, ela estima já ter obtido crescimento
de 10% em relação à receita
acumulada até agosto do ano
passado. Com a entrada de novos pedidos para o final de ano,
a empresária pretende contratar mais dois funcionários.
Apesar do bom desempenho
de junho, economistas divergem se o segundo semestre será
aquecido ou registrará outro
resultado negativo para as micro e pequenas indústrias. Para
o gerente do Observatório de
Micro e Pequenas Empresas do
Sebrae-SP, Marco Aurélio Bedê, o segundo semestre deve
ser bom para o setor, que acompanhará tendência de crescimento da economia brasileira,
impulsionada por crescimento
de renda, crédito e controle da
inflação. "Ninguém contrata
mais em junho se não tiver expectativas que será melhor."
Fonseca discorda. Segundo
ele, o índice de confiança do
empresário brasileiro, calculado pela CNI, caiu em julho para
indústrias de todos os portes
após quatro altas seguidas por
quadrimestre. Para ele, a queda
na confiança é reflexo do aumento da taxa básica de juros e
deve afetar os investimentos.
"As indústrias de pequeno porte são as últimas a sentir a retomada da industrialização, mas
as primeiras a sentir o freio."
Os dados divulgados ontem
pelo Sebrae apontaram queda
de faturamento real de 1,5%
nas micro e pequenas empresas
de todos os setores no primeiro
semestre do ano na comparação com o mesmo período do
ano passado. A receita total no
período foi de R$ 128,5 bilhões.
Assim como a indústria, o setor
de serviços também registrou
retração (3,2%). O comércio foi
o único setor com desempenho
positivo no período, com aumento no faturamento de 1,2%.
O diretor-superintendente
do Sebrae-SP, Ricardo Tortorella, reviu a as projeções feitas
para 2008 e afirma que o resultado não será "tão bom quanto
o projetado". "Mas, ainda assim, o segmento das micro e pequenas empresas deve fechar
com desempenho igual ao do
ano passado [alta de 4% do faturamento real em comparação
com 2006] ou com uma pequena alta em termos de vendas."
Segundo Tortorella, o primeiro semestre foi prejudicado
pela inflação, mas, nos próximos seis meses, o impacto da
alta dos preços será menor para
pequenas empresas.
Colaborou a Folha Online
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