São Paulo, quarta-feira, 15 de abril de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Queda na demanda por crédito se intensifica na alta renda

A demanda por crédito, que vinha se retraindo neste ano expressivamente entre consumidores de baixa renda, também teve uma queda acentuada na classe A em março. O Indicador Serasa Experian de Demanda dos Consumidores por Crédito aponta para um recuo de 8,3% no número de consultas por empréstimos nesse segmento na comparação com março de 2008.
De acordo com o levantamento, a procura por crédito pelos consumidores com renda mensal acima de R$ 10 mil ainda caiu menos que entre aqueles que somam rendimentos de até R$ 500 -retração de 10,3% em março.
Mas a aceleração da queda foi maior entre os consumidores de alta renda. Isso porque, nos dois primeiros meses do ano, o número de consultas para aquisição de crédito nesse segmento se retraiu em média 2,5%.
Para o gerente de indicadores de mercado da Serasa, Luiz Rabi, há motivos diferentes para que pessoas de alta e baixa renda reduzam o interesse pela contratação de crédito.
As de baixa renda não possuem reserva financeira expressiva e, por isso, sentem um medo maior do desemprego. "Eles param de contrair crédito por uma questão de confiança."
Já o estímulo dos consumidores das classes mais altas para emprestar caiu por conta do custo maior do crédito neste ano, afirma Rabi. "A alta renda tem a percepção de que o mercado de crédito ainda não está normalizado."
Para ele, o movimento de queda na demanda por crédito pela classe A desmente o mito de que o consumidor brasileiro não observa o juro, mas o valor final da parcela.
A expectativa de Rabi é que o ciclo de queda na demanda por crédito não só continue no segundo trimestre, como fique mais acelerado. Para ele, apenas com o restabelecimento da confiança dos consumidores ou com a redução do juro real haverá uma retomada no interesse pelos empréstimos.

Aumenta número de famílias endividadas em SP, diz Fecomercio

O número de famílias com algum tipo de dívida no município de São Paulo aumentou em abril, passando de 50% em março para 55% neste mês, segundo a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), que a Fecomercio-SP divulga hoje .
Em abril de 2008, o indicador apontava para 49% de endividados, segundo a pesquisa, feita com 2.200 pessoas por mês.
O aumento do endividamento neste início de ano segue influenciado pelas dívidas tradicionais do período, como IPTU, gastos com educação e lazer. Mas a alta do parcelamento no cartão de crédito foi um dos agravantes para o resultado, segundo Kelly Carvalho, economista da Fecomercio-SP.
O mais preocupante no cenário deste mês, de acordo com Carvalho, é que a parcela de consumidores com dívidas no cartão disparou para 60% em abril, contra 40% em março.
"Esta alta preocupa porque as taxas de juros cobradas nas operações com cartão são as mais elevadas do mercado e os efeitos da crise sobre emprego e renda continuarão determinando os indicadores de endividamento da população."
O cartão de crédito continua sendo o principal tipo de dívida das famílias paulistanas. Na sequência estão os carnês, crédito pessoal e financiamento de carro. Cerca de 33% dos consumidores com dívida ficam com a renda comprometida em até três meses, segundo a pesquisa.

APÓLICE
A Asther Seguros vai lançar neste semestre uma nova modalidade de seguro, para fazer a cobertura de títulos agropecuários. Segundo José Américo Peón de Sá, presidente da empresa, o seguro garante que os títulos vendidos na BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) representam efetivamente a quantidade e a qualidade dos produtos estocados nos armazéns, além da entrega da mercadoria. O primeiro produto que Peón pretende fazer a cobertura com o seguro é o café -a meta é 20% dos títulos.

NOVOS RUMOS
Elcio Anibal de Lucca deixa a Serasa Experian. Ele presidiu a companhia até 2007 e depois atuou como vice-presidente do Conselho de Administração. Agora, Lucca se dedicará a entidades sem fins lucrativos, conselhos corporativos e a sua empresa, a Luccra.

ESTRADA
A EBP (Estruturadora Brasileira de Projetos) prevê que os estudos técnicos para a concessão das rodovias federais BR-101, no ES e na BA, e BR-470, em SC, serão concluídas em junho. A EBP foi criada pelo BNDES e por oito instituições financeiras em 2008 para financiar projetos de infraestrutura.

VOLANTE
O número de veículos com até três anos de uso passou de 25% para 33% entre 2007 e 2008, segundo levantamento do grupo CCR em rodovias de SP, RJ e PR. O estudo também aponta que o percentual de caminhoneiros pertencentes à classe B subiu de 42% para 53% do total no período.

MUTIRÃO
O Fórum Nacional e a Cúpula Empresarial lançam amanhã o "Plano de Ação contra a Crise", na Fiesp e na Firjan. O projeto visa desenvolver ações para evitar que o Brasil entre em recessão e para aproveitar oportunidades nesta crise.

FICHA PREENCHIDA
O tempo total que empresas e pessoas físicas gastam para cumprir obrigações fiscais no Brasil é de 2.600 horas por ano. As informações são de Gustavo Brigagão, do Ulhôa Canto Advogados, a partir de dados do Banco Mundial. Segundo ele, esse tempo é gasto para cumprir normas tributárias, com preenchimento de notas e declarações e para acompanhar as novas leis. Desde a Constituição de 1988 até outubro de 2008, foram editadas 240.610 normas tributárias, diz.

RÓTULO
O enólogo italiano Andrea Franchetti, que veio ao Brasil a convite da importadora Mistral para participar de degustação de seus vinhos, inicia a produção de um novo rótulo, um Chardonnay, ainda sem previsão de entrada no mercado brasileiro; Franchetti comanda as vinícolas italianas Tenuta di Trinoro e Passopisciaro.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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